A entidade informou que não poderá dar detalhes da proposta até que ela seja apreciada pelas livrarias e que convocará as 540 editoras que compõem o quadro social do sindicato para uma assembleia geral extraordinária no próximo dia 22, quando será apresentado esse plano.
A ideia, segundo explicou Marcos da Veiga Pereira, presidente do SNEL, é ganhar força na negociação com os varejistas. “Nenhuma decisão individual conseguirá salvar as empresas. Mais do que nunca, as editoras devem agir em conjunto para conseguir reverter esse quadro”, disse.
Pereira destaca o esforço que o setor editorial tem desempenhado para manter o apoio às livrarias, que, juntas, possuem 95 lojas em pontos estratégicos das grandes capitais brasileiras, chegando a representar quase 40% do faturamento de algumas editoras.
"A recuperação judicial da Cultura e uma possível adoção da mesma medida pela Saraiva gera um impacto muito difícil de ser absorvido por grande parte das editoras. No entanto, o fechamento delas transmite uma mensagem bastante negativa à sociedade e representaria um sério dano à imagem do livro no país. É sobre essa linha tênue que as editoras estão caminhando", completou.
Mauro Koogan Lorch, presidente do Grupo GEN, que esteve na reunião e conversou depois com o PublishNews, avaliou como positivo o encontro. "Nossa indústria vive um momento disruptivo, mas há mercado para o livro. Não é um caso como o dos filmes fotográficos", disse se declarando um otimista realista. Ele diz que há um mercado a ser conquistado além das livrarias. "Ainda há quem queira ler. O livro não morreu. Ainda existe mercado", insistiu. "O que precisa é retomar as rédeas para resolver a crise de uma parte, que é grande e significativa, mas é só uma parte. O problema não está em todas as livrarias", continuou. Sem dar detalhes da proposta que será levada aos cabeças das livrarias Saraiva e Cultura, Mauro disse que saiu satisfeito da reunião e completou: "temos que tirar o chapéu pro Marcos [Pereira], que tem liderado essa luta que pode até parecer inglória, mas não é".
Estima-se que a dívida com fornecedores em atraso da Saraiva já tenha ultrapassado os R$ 100 milhões. A proposta que a rede tem apresentado a seus credores é uma recuperação extrajudicial, com renegociação das dívidas com deságio de 45% e parcelamento de até 10 anos, prazo considerado muito alongado por editores.
Já a dívida vencida junto a fornecedores da Cultura já ultrapassou a cifra de R$ 90 milhões. A empresa tem até dezembro para apresentar o seu plano de recuperação judicial deferido pelo juiz Marcelo Barbosa Sacramone, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.
Juntas, essas duas livrarias respondem por uma fatia relevante estimada em 40% do mercado varejista brasileiro.