Os pais do PublishNews em Espanhol
PublishNews, Lorenzo Herrero, 24/09/2018
Confira uma conversa entre o editor do PublishNews em Espanhol, Carlo Carrenho e Antonio Martín, sócios da novidade que será lançada no próximo mês

Carlo Carrenho e Antonio Martín | © Divulgação
Carlo Carrenho e Antonio Martín | © Divulgação

Lorenzo Herrero, o editor do PublishNews em Espanhol, convidou Carlo Carrenho e Antonio Martín, os homens por trás da nova iniciativa, para conversarem sobre os desafios, os planos e o futuro do nosso “hermanito” que acaba de nascer. “Descobri que Carlo queria trazer seu projeto para o mercado em espanhol. Poderíamos competir ou nos unir e acho que escolhemos a melhor opção. O PublishNews em Espanhol é um filho, reconhecido e amado, de dois pais. A pequena criatura é muito parecida com seu pai brasileiro (o humor também está presente), mas ele fala e se relaciona como o pai espanhol”, comentou Antonio na entrevista. A entrevista, que pode ser lida na íntegra logo abaixo, estampará as primeiras páginas da revista número zero do PublishNews em Espanhol que será distribuída a pessoas-chave que estarão na Liber de Barcelona.

O que é o PublishNews em Espanhol?

Antonio: O PublishNews é o veículo de comunicação do mercado de livros. Estamos cobrindo um espaço que estava pedindo um canal próprio. Queremos criar uma corrente, um veículo através do qual fluam não só notícias, mas também, acima de tudo, projetos e iniciativas daqueles que formam a cadeia de valor do livro, de um lado e do outro do oceano. Trata-se de criar uma identidade comum; dar continuidade aos projetos; aprender como está sendo resolvido um problema idêntico ao meu, a milhares de quilômetros de distância; podemos ser um canal para criar alianças; conhecer e compartilhar expectativas e evitar decepções ou fracassos.

Carlo: O projeto é criar uma revista virtual através de um site de notícias e uma newsletter, sobre todas as coisas que acontecem no mercado de livros em espanhol, mas o objetivo é ir mais longe, trata-se, como disse o Antonio, de ser um ponto de conexão de nossa indústria, conexão entre diferentes países, entre os diferentes elos do mundo dos livros... Para isso, esperamos muito em breve, reproduzindo o modelo do PublishNews no Brasil, oferecer eventos, podcasts, prêmios e até festas, que, modestamente, são as melhores do mercado.

Antonio: O PublishNews é uma nova janela, uma perspectiva para ter uma rápida visão do nosso setor, essencial para estar atualizado, para - precisamente - aprender a resolver os problemas cotidianos que tomam nosso tempo.

Antonio, Carlo deixou claro que o PublishNews terá a experiência dele no Brasil, o que terá da La Lectora Futura?

Antonio: Primeiro, o idioma! Mas, acima de tudo, o conhecimento do setor do mercado de livros em espanhol. A noção de que é um veículo internacional, não local. Esse forte respeito pela variedade estará refletido nos artigos: ninguém mudará o registro do espanhol que está escrevendo. É uma fuga saudável do espanhol neutro que pede para nos empenharmos um pouco, só um pouco, para compreender essas outras palavras irmãs que também podemos entender de forma tão rápida quanto as inglesas.

Carlo: Teria sido uma loucura ter dado o salto para o mercado em espanhol sozinho, sem participação local, não queremos um PublishNews Portuñol, queremos um PublishNews em espanhol.

Antonio: Quando La Lectora tinha encontrado seu lugar, descobri que Carlo queria trazer seu projeto para o mercado em espanhol. Poderíamos competir ou nos unir e acho que escolhemos a melhor opção. O PublishNews em Espanhol é um filho, reconhecido e amado, de dois pais. A pequena criatura é muito parecida com seu pai brasileiro (o humor também está presente), mas ele fala e se relaciona como o pai espanhol.

Falta informação ou informação de qualidade em nosso setor para criar essas conexões das quais vocês tanto falam?

Carlo: Há informação e de qualidade em grandes jornais e blogs. Faltava um lugar dedicado exclusivamente a notícias do mercado de livros com cuidado e inteligência editorial.

Antonio: Pela minha experiência na área de formação profissional, fui conhecendo diferentes profissionais, diferentes elos da cadeia de trabalho que sabem muito pouco sobre o resto dos seus colaboradores. Os processos de edição são muito peculiares em cada editora. Depois de viajar e trabalhar um pouco próximo a equipes profissionais, você descobre que essa desconexão é total, que todos trabalham como se o mundo da edição terminasse na porta do trabalho. Por tudo isso, estou convencido de que temos uma tarefa muito necessária pela frente. Já vivi isso em La Lectora Futura e a resposta foi excelente. E só precisamos ver o peso do PublishNews no Brasil. Como diz a música El Rey, de José Alfredo: “mi palabra es la ley" (minha palavra é lei). O resto da música, a propósito, também pode ser usada: “Con dinero y sin dinero hago siempre lo que quiero” (“Com ou sem dinheiro, sempre faço o que quero"), porque não dependemos de nenhum grupo editorial, distribuidor ou gráfica. Isso nos dá toda a liberdade necessária para expressar nossa opinião livremente, longe das pressões. E como a mesma música termina: “Que no hay que llegar primero, pero hay que saber llegar” (“Não é preciso chegar primeiro, mas é preciso saber chegar"), que é precisamente o que estamos fazendo agora. A coisa boa de um paulista e um espanhol planejando algo em Guadalajara é que o ambiente ao redor ajuda muito.

Vocês falam do mercado de livros em espanhol, muitos países distantes, quais são as principais dificuldades que detectaram?

Carlo: As dificuldades são o que tornam este projeto tão fascinante e não são muito diferentes das enfrentadas pelas grandes multinacionais: a distância geográfica, os fusos horários e as diferenças culturais. Mas elas me desafiam mais do que me assustam. Nosso objetivo é trazer notícias de todos os mercados, de Cuba à Guiné Equatorial, da Argentina à Califórnia, da Ilha da Páscoa à Ibiza e não me diga que é impossível porque isso me encorajará ainda mais. Esperamos poder oferecer um dia a lista dos livros mais vendidos de cada um desses países e para isso é muito importante nossa colaboração com a Nielsen, com quem já trabalhamos no Brasil onde nos oferecem os dados necessários para fazer esta lista. A ideia é expandir isso para o mercado espanhol, à medida que a Bookscan chegar a outros países. Está atualmente na Espanha e no México e essa será a base da nossa lista de mais vendidos.

Finalmente, se algum profissional do mundo dos livros ler esta entrevista, gostar do projeto e quiser colaborar com ele, como pode participar? Carlo: Primeiro de tudo, assinando a nossa newsletter. Em segundo lugar, ajudando a divulgar essa iniciativa. E em terceiro lugar, mas igualmente importante, enviando notas, notícias, sugestões e dicas para reportagens... Especialmente se são profissionais de mercados menores que são os mais difíceis de cobrir.

[24/09/2018 11:00:00]