Baseado em extensa pesquisa de campo na periferia de São Paulo, ‘Irmãos’ traz uma original e elucidativa interpretação sobre a facção que vem desafiando o Brasil
Em
Irmãos –
Uma história do PCC (Companhia das Letras, 408 pp, R$ 49,90), o sociólogo Gabriel Feltran oferece uma interpretação alternativa àquelas que vêm ocupando o debate público brasileiro e que buscam comparar o PCC com outras organizações criminosas como os comandos cariocas, as gangues prisionais americanas ou as máfias italianas, russas ou orientais. Para o autor, o modo de organização do PCC tem mais a ver com as irmandades secretas, funcionando como uma maçonaria do crime — uma rede de apoio mútuo, pautada por um conjunto de valores considerados justos, em que ninguém deve atravessar os negócios nem a honra do outro irmão. Feltran percorre os momentos cruciais da história da facção: sua criação em Taubaté; a megarrebelião de 2001; a revolução interna de 2002; as revoltas de 2006, que horrorizaram a classe média; as violentas disputas entre facções a partir de 2017.
Irmãos apresenta um país em que o crime conquistou efetiva hegemonia política para partes significativas da população.