Profundo conhecedor de artes visuais, fascinado por Mozart e por Nijinski, o poeta mineiro Murilo Mendes reúne erudição singular e múltiplos interesses. Em
Poliedro (Companhia das Letras, 240 pp, R$ 49,90), seu largo horizonte intelectual se desenvolve em fragmentos que se aproximam dos aforismos e dão novos ares à prosa lírica, numa mistura de reflexão, memória, poesia, ensaio e verbete. Dividido em quatro partes —
Microzoo,
Microlições de coisas,
A palavra circular e
Texto délfico —,
Poliedro foi publicado originalmente em 1972, três anos antes da morte de Murilo Mendes. Nesse livro, um dos poucos voos em prosa do consagrado poeta, a reformulação da linguagem e o constante diálogo entre arte e pensamento são elementos centrais. Para Carlos Drummond de Andrade, trata-se de um “fruto saboroso da cultura brasileira confrontada com valores universais”.