O escritor francês Daniel Pennac tem um público considerável no Brasil, especialmente entre
professores, por conta dos já clássicos
Como
um romance
e
Diário de escola,
obras de referência na área de educação e leitura. Mas o autor é também um prolífico
ficcionista. E neste
Diário de um corpo
(Rocco, 336 pp, R$ 49,50 – Trad.: Bernardo Ajzenberg) ele constrói uma ficção
singular que flerta com a autobiografia, ao narrar a vida do protagonista a
partir de um diário do seu corpo, dos 12 aos 87 anos. Embora tenha atravessado
boa parte do século XX e experimentado as novidades do XXI, os aspectos históricos
e os estados de alma do personagem pouco interessam aqui; o motor da história é
o corpo, com as descobertas e surpresas que ele nos reserva – do desafio de
habitar um corpo e criar uma imagem à primeira polução noturna e às limitações
do envelhecimento. O resultado é um diário comovente, ora engraçado e amoroso,
ora sofrido e ressentido, e uma saudação à magnífica engrenagem sobre a qual
montamos nossa existência.