Para onde vai a democracia?
Esse é o ponto de partida do livro
A
difícil democracia
(Boitempo, 224 pp, R$ 52), de Boaventura de Sousa
Santos, que busca também discutir a urgente reinvenção da esquerda.
Essa reinvenção passa necessariamente por uma reflexão profunda sobre os
impasses da experiência democrática, cujos sintomas despontam de maneira
mais aguda no presente. “Vivemos em sociedades politicamente democráticas e
socialmente fascistas”, adverte o autor. Boaventura argumenta que a chegada
dos governos de esquerda ao poder na primeira década do século XXI,
especialmente na América Latina, não deu espaço para o debate sobre a diversidade democrática,
o que resultou, na segunda década do milênio, no monopólio de uma concepção de democracia de
tão baixa intensidade que facilmente se confunde com a antidemocracia. Ao longo de mais de duzentas páginas – compostas
por ensaios, cartas e entrevistas sobre o mundo contemporâneo –, o sociólogo
passa a limpo o percurso da democracia ao longo do século
XX em uma escrita rápida e de fôlego.