O romance
A cabana do pai Tomás (Amarilys, 672 pp, R$ 79 - Trad.: Ana Paula Doherty),
de Harriet Beecher Stowe (1811-1896), ganhou uma
nova tradução para o português, com texto integral acrescido de notas e um
prefácio crítico
do Ricardo
Alexandre Ferreira. Além da saga
do velho Tomás do título – um escravo humilde e crente que, após anos de
dedicação a um bom senhor, precisa ser vendido para quitar dívidas e acaba
passando de mão em mão –, a autora Harriet Beecher Stowe costura
uma série de narrativas que questiona não apenas a contradição no fato de um
país fundado sob o lema de que “todos os homens nascem iguais” continuar
permitindo o trabalho escravo, mas também outras questões e problemas mais
amplos e incômodos. Stowe não só se atreve a pôr o dedo na grande
questão política de seu tempo, como também cria personagens femininas fortes
que, apesar das limitações sociais, questionam o poder masculino, contornam
atitudes dos maridos com as quais não concordam e até mesmo buscam vingança por
maus tratos e torturas.