16/03/2016 09h08 - Atualizado em 16/03/2016 10h00

Câmara de Palmas aprova proibição de livros sobre discussão de gênero

Plano Municipal de Educação de Palmas foi aprovado com vetos do prefeito.
'Foi uma conquista da família brasileira', diz vereador; tema gerou polêmica.

Do G1 TO

Livros didáticos ideologia de gênero (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Livros didáticos ideologia de gênero (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

A Câmara de Vereadores de Palmas aprovou nesta terça-feira (15) a proibição da discussão sobre ideologia de gênero (diversidade sexual) nas escolas municipais. Segundo o vereador João Campos (PSC), que apresentou requerimento contra o tema, o plano municipal foi mantido com os vetos publicados em uma medida provisória.

"Foi uma conquista. Nós trabalhamos com a Constituição Federal, artigo 206, que prioriza o estatuto da família, da criança e do adolescente. A discussão sobre a ideologia de gênero preconiza esses comportamentos [homossexuais] que são praticados em alguns locais. Isso é uma conquista para a família que preza a moral e os bons costumes", afirmou.

Para o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins (OAB), Gustavo Chaves, a proibição do tema não se trata apenas da liberdade de expressão do indivíduo.

"Além de impedir a liberdade de expressão dos educadores que podem entender diferente da população, há uma imposição velada de um entendimento religioso", explica.

Chaves afirma que essa proibição é inconstitucional, porém "é necessário buscar isso junto ao judiciário, para que tenhamos a declaração de inconstitucionalidade."

"Ele [prefeito] nem ninguém pode vedar a liberdade de expressão. Se houver o caso de algum professor sofrer sanção administrativa, este deverá procurar as vias judiciais", ressaltou.

Na medida provisória, o prefeito Carlos Amasta (PSB) determina que está "vedada a discussão e a utilização de material didático e paradidático sobre a ideologia ou teoria de gênero".

Para a radialista Chayla Felix, mãe de uma recém-nascida, a discussão é de extrema importância. "É um tema que as crianças precisam entender. As pessoas confundem a discussão de gênero com o ensino da homossexualidade, ensino do sexo e não tem nada a ver uma coisa com a outra. Achei precipitado e arbitrário tirar isso das escolas", pontua.

Além de impedir a liberdade de expressão dos educadores, há uma imposição velada de um entendimento religioso"
Gustavo Chaves, advogado

Opiniões
Para a jornalista e representante do Movimento Vem Pra Rua no Tocantins Lorena Ferro Abreu, apenas os pais são responsáveis pelas liberdades individuais dos filhos e não o Estado. Segundo ela, a discussão nas escolas não é a melhor forma de acabar com o preconceito.

"Existem sim pessoas preconceituosas. Em geral, a maioria [dos preconceitos] é sobre a questão social. Mas como você explica para a criança a existência de um homossexual? Existe o homem, a mulher e os homossexuais não podem impor isso [homossexualidade] a uma criança. Da forma que foi colocada no livro, foi intencional", afirma.

Brendhon é representante do Movimento Universtário da Diversidade Sexual (Foto: Brendhon Andreade/Arquivo Pessoal)Brendhon é representante do Movimento Universtário da Diversidade Sexual (Foto: Arquivo Pessoal)

Os livros que abordam o tema foram disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC), que disse não impor o uso do material. "Quem escolhe é a escola", informou em nota.

Lorena diz não ser contra a discussão e sim contra a imposição do tema "como foi feito. Só existe homem e mulher. O resto é gambiarra."

O representante do Movimento Universitário da Diversidade Sexual (Mudas), Brendhon Andrade também se posicionou sobre o assunto.

"Há uma grande investida conservadora e fundamentalista no sentido de barrar os direitos de populações subjugadas como as mulheres, LGBTs e pessoas negras. Segundo eles, a ideologia de gênero é uma falácia. O que nós queremos discutir nas escolas é o respeito às mulheres, aos LGBTs, aos negros", explica.

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