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A diversidade e a abundância
PublishNews, Leonardo Neto, 08/12/2015
Em debate na Primavera Literária, editores da Argentina, Chile e França levantaram a bandeira da bibliodiversidade entre as editoras independentes

Gilles Colleu, Mariana Warth, Paulo Slachevsky e Guido Indij discutiram a Bibliodiversidade na Primavera Literária | © Divulgação
Gilles Colleu, Mariana Warth, Paulo Slachevsky e Guido Indij discutiram a Bibliodiversidade na Primavera Literária | © Divulgação
Em 2014, de acordo com dados da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro realizada pela Fipe a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), no Brasil, foram lançados ou relançados 60.829 títulos. Nesse universo, 19.285 de novos ISBNs. Essa abundância, na opinião do editor francês Gilles Colleu, não representa diversidade. Gilles foi um dos convidados internacionais da Primavera Literária que a Liga Brasileiras de Editores (Libre) realizou no último final de semana, no Rio de Janeiro.

“Bibliodiversidade não é lançar muitos livros. Cada vez mais os grandes grupos editoriais querem confundir o conceito de diversidade com o de abundância. Na Europa sofremos de abundância. Bibliodiversidade não é lançar 500 livros de vampiros”, exemplificou o francês. O termo “bibliodiversidade”, cunhado pelo coletivo Editores Independentes do Chile no final da década de 1990 quer designar não só a abundância, mas também e sobretudo a diversidade de títulos. O tema foi abordado na mesa Os desafios da bibliodiversidade, na noite da última sexta-feira (04).

Além de Gilles, o chileno Paulo Slachevsky e o argentino Guido Indij discutiram o tema, sob mediação de Mariana Warth. Para Paulo, os editores independentes estão preocupados só com o equilíbrio financeiros de suas empresas, mas também com os conteúdos que publicam. Ele defendeu que as obras publicadas por editores independentes devem trazer uma outra visão e uma outra voz para além do discurso padronizado dos grandes grupos editoriais. “Temos que resistir à lógica da concentração”, decretou.

Digital
Gilles lembrou que na França, os editores independentes criaram um laboratório para estudar as possibilidades do livro digital. "Com o digital, os editores independentes têm uma chance de existir", disse. Os números na França, como no Brasil, são modestos, mas, de acordo com Gilles, um olhar mais aprofundado, é possível perceber nuances. "Os digitais são responsáveis por apenas 3% do faturamento das editoras no meu país. Mas, nos livros didáticos, essa participação é maior e acreditamos que nos próximos cinco ou seis anos, alcançará 50% do mercado", pontuou. Gilles refutou a ideia de que o livro digital poderia canibalizar o livro impresso e declarou: "aumentar o preço do livro digital para proteger o impresso é um grande erro".

[08/12/2015 11:03:52]
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