Desde 1997, o repórter Edison Veiga (O Estado de S. Paulo) presta atenção nos passos de padre Marcelo Rossi. Primeiro, pela novidade que ele representava. “Eu morava no interior, de família católica, e um dia, uma tia estava ouvindo o padre Marcelo em seu programa na Rádio América e pensei: ‘que padre diferente. É animado’. E isso chamou a minha atenção”, relembra Edison. Na época, com 12 anos, Edison passou a acompanhar a vida do padre e não parou mais. Mais maduro, com certo distanciamento, criou um interesse jornalístico pela figura pública e passou a colecionar matérias e artigos sobre Marcelo Rossi. “No auge, entre 1999 e 2001, não passava um dia sem ter pelo menos uma reportagem sobre o padre nos grandes jornais brasileiros”, comenta Edison que revelou ao PublishNews que reuniu cerca de dez mil artigos. Em 2011, o repórter percebeu que, apesar de o padre ser muito popular, era pouco conhecido. “Não havia um perfil que falasse da sua vida pré-batina, por exemplo”, disse. Foi aí que resolveu montar um quebra-cabeça. A partir dessas entrevistas coletadas por colegas e outras que ele mesmo fez com o padre, criou o livro Padre Marcelo Rossi – a superação pela fé (Panda Books, 152 pp, R$ 21,50). A editora encomendou uma tiragem inicial de cinco mil exemplares e, a poucos dias do lançamento, resolveu ampliar e alcançou 15 mil.

Edison disse ao PublishNews que, depois que decidiu escrever o livro, esteve com o biografado uma vez para tentar descobrir pontos que ainda estavam na sombra. “Pelas matérias que reuni, não consegui descobri, por exemplo, onde ele tinha feito o Ensino Médio”, disse. Na conversa, Edison lembra que comentou que estava preparando um livro. “Ele não disse nem ‘poxa, que legal’ e nem ‘que absurdo’”, relembra. No livro, Edison cita que, ao contrário de muitos padres que entram no seminário ainda na juventude, a vocação do mais famoso padre brasileiro surgiu já na idade adulta depois da vontade de ser bombeiro ou piloto de Fórmula 1. Questões filosóficas, como a existência de Deus, passavam longe da cabeça do adolescente que vinha de uma família de classe média paulistana e que, em breve, revolucionaria a Renovação Carismática Cristã (RCC) e traduziria um novo conceito dentro da Igreja Católica. O livro conta ainda o lado politizado do padre, o assédio de mulheres, a adolescência rebelde e as perguntas constrangedoras nas entrevistas de TV.