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Marcada para setembro, Bienal do Rio se prepara para enfrentar e discutir a crise

Feira anuncia debate sobre momento econômico sensível do mercado editorial
Rodrigo Lacerda, curador do Café Literario da Bienal do Rio Foto: Renato Parada/Divulgação
Rodrigo Lacerda, curador do Café Literario da Bienal do Rio Foto: Renato Parada/Divulgação

RIO- A crise que se abate sobre o mercado editorial brasileiro será encarada pela 17ª edição da Bienal Internacional do Livro de maneira direta. Rodrigo Lacerda, recentemente anunciado como o curador do Café Literário, avisa que o tema vai ser discutido durante a programação do espaço de debates mais nobre do evento. Já Marcos Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), informa que a situação impôs pequenas mudanças à feira, realizada de 3 a 13 de setembro no Riocentro:

— A Bienal sofre um pouco, afinal a crise é geral no país. Vamos nos adaptar, mas não acredito que o público sentirá a diferença. No entanto, é importante discutir o assunto. Precisamos entender por que estamos nessa situação e temos que refletir para encontrar caminhos.

Os organizadores da Bienal afirmam que a área do evento passou de 55.000m² para 80.000m². Agora, os jardins da praça central do Riocentro estarão acessíveis para os visitantes, e, por isso, a área de alimentação externa vai crescer. A mudança, no entanto, não atinge o pavilhão dos estandes de venda, que terá praticamente o mesmo tamanho da edição anterior. A feira deve contar com mais de cem convidados brasileiros e estrangeiros.

Parceria com a Flupp

Vencedor de dois prêmios Jabuti, Lacerda fará sua estreia como curador. O autor de “A república das abelhas” (Companhia das Letras), que já havia participado da Bienal como leitor, escritor convidado e mediador, substitui Ítalo Moriconi.

Ele concorda com Pereira e explica que a intenção da programação, que só deve ser anunciada em agosto, é conectar o evento a temas da atualidade. Além dos rumos do mercado editorial, os 450 anos do Rio e as Olimpíadas de 2016, por exemplo, serão englobados pela discussão do Café Literário.

— É claro que temos que celebrar o livro e os 450 anos da cidade, mas a Bienal pode ser uma ferramenta de discussão sobre assuntos importantes para o Rio e o Brasil. A crise é um assunto importante. Acho que uma dose de reflexão não faz mal a ninguém — diz Lacerda.

Curador de primeira viagem, ele explica que não teme as críticas tão comuns à função:

— Sou novato, quero encarar um problema de cada vez. Primeiro tenho que montar a programação. Depois, espero ouvir elogios e avaliar as críticas.

A Bienal aposta também em uma parceria firmada com a Flupp, a Festa Literária das Periferias. Nos três primeiros dias da feira, haverá o SarALL, onde diferentes saraus das comunidades cariocas dividirão espaço com representantes de grupos semelhantes de norte a sul do país: de Roraima, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Ecio Sales, idealizador do projeto ao lado de Julio Ludemir, adianta a participação de nomes como Alessandro Buzo e Sérgio Vaz, organizador da Cooperifa. Ele explica que o microfone estará aberto à audiência e afirma que a parceria com a Bienal é fundamental. Contudo, admite que também foi afetado pela temida crise:

— A ideia é fazer a ponte entre esses diferentes saraus. Criar um espaço de conexão e encontro entre essas experiências. É lógico que gostaríamos de trazer mais nomes, mas não foi possível.

João Alegria, do Canal Futura, continua a parceria de quatro edições com a Bienal. Ele comandará os espaços Bamboleio e Cubovoxes. No primeiro, vai usar as Olimpíadas para ensinar multiculturalismo às crianças. No segundo, promoverá diálogos sobre política, sociedade e, claro, literatura com os adolescentes.