Praça do Encontro, em BH. (Foto: Pedro Ângelo/G1)
Durante alguns anos, entre as décadas de 1920 e 1930, Carlos Drummond de Andrade saía do bairro Floresta, passava pelo Viaduto Santa Tereza e chegava ao Centro de Belo Horizonte, mais precisamente na Avenida Augusto de Lima, na Imprensa Oficial, onde trabalhava naquela época. “Ele naturalmente subia o arco do Viaduto Santa Tereza, sem que ninguém percebesse”, brincou Afonso Borges, um dos curadores do 1º Festival Literário Internacional de Belo Horizonte (FLI-BH), anunciado na manhã desta quarta-feira (4), na Academia Mineira de Letras.
O evento, que tem Drummond como principal homenageado, ocorre entre os dias 25 e 28 de junho na capital. Os espaços principais serão o Parque Municipal e o Teatro Francisco Nunes, mas outros locais na cidade também vão receber atividades.
De acordo com Leônidas Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura, o foco do festival e a descentralização. “Estaremos trabalhando nas escolas municipais, nos 32 BH Cidadania, nos 16 Centros Culturais, de forma a envolver a cidade para que conheça mais a literatura da cidade, do estado de Minas Gerais”, afirmou Oliveira.
Com o tema “Imagina Mundo, Imagina a Cidade”, a programação do evento prevê conferências, palestras, mesas de debates, oficinas, saraus, exposições, narrações de histórias, performances e apresentações de teatro e sessões de cinema.
Escritores brasileiros e de língua espanhola, sobretudo os latino-americanos, serão destaques. Além de Afonso Borges, a jornalista Leida Reis e a diretora Cultural do Instituto Cervantes, Beatriz Hernanz, compõem a curadoria.
Entre os escritores confirmados por eles, estão os brasileiros Milton Hatoum, Maria Esther Maciel e Eric Nepomuceno. O mexicano Juan Pablo Villalobos e o colombiano Santiago Gamboa também já têm presença confirmada. Está prevista ainda uma exposição do fotógrafo argentino Daniel Mordzinski, que ficou famoso por retratar escritores como Jorge Luis Borges e Gabriel García Márquez. Segundo Leida Reis, outros nomes ainda serão anunciados.
Durante a cerimônia de lançamento, Afonso Borges falou sobre a importância da tradição literária de Belo Horizonte e dos anos em que Drummond esteve na capital. “Drummond marca o início de uma história literária em Belo Horizonte, que passa pela geração de 1945, e continua aqui nas pessoas que estão presentes, nos escritores que estão presentes, que honram tanto essa tradição literária”, contou.
Para Borges, o poeta de Itabira se tornou referência para Belo Horizonte, assim como a cidade se tornou um lugar importante para ele, mesmo após se mudar para o Rio de Janeiro. “Ele [Drummond] morou 14 anos aqui em Belo Horizonte, foi o grande cronista dessa cidade nesse período. E esse período, ele criou as amizades que ele levou pra vida inteira, de Pedro Nava, Gustavo Capanema e tantos outros que fizeram quem Drummond foi durante toda a vida”.