Paulo Coelho, o profeta
PublishNews, Leonardo Neto, 09/10/2014
O escritor brasileiro volta à Frankfurt com status de pop star

Ironicamente, o brasileiro Paulo Coelho – que no ano passado se envolveu em uma grande polêmica ao cancelar a sua participação na Feira do Livro de Frankfurt, justo quando o Brasil era o País homenageado – está de volta como a grande estrela do megaevento que segue até o próximo domingo (12). Coelho se tornou uma espécie de entidade onipresente na feira. Além da sua participação ontem, em um bate-papo com o diretor geral do evento, Juergen Boos, Paulo Coelho está estampado em anúncios publicitários nos ônibus que fazem o traslado entre os pavilhões e não raro, ouve-se o seu nome em diversos sotaques nessa babilônia da indústria do livro. E, claro, Paulo Coelho passou ontem por Frankfurt gerando mais polêmica. O escritor, apontado pelo diretor da feira como “os Rollings Stones da literatura”, defendeu preços mais baratos para livros, sobretudo os digitais. Em linhas gerais, Paulo reforça a tese de que livros são commodities e, que a indústria ganharia muito mais na quantidade. “Eu tenho os direitos dos meus livros em versão digital. Coloquei o preço a US$ 0,99 nos EUA, vendi muito mais do que vendia antes e os meus lucros foram lá em cima”, comentou o escritor brasileiro. “O bookbusiness não vai desaparecer, mas tem que se adaptar. Se você não se adapta, você morre”, sentenciou profeticamente o mago. “O tempo não vai parar para que as pessoas se adaptem”, completou.

O preço fixo e a pirataria

Na Alemanha e na França, há leis que regulamentam o preço do livro – essa discussão ganhou força de novo no Brasil recentemente. Na visão de Paulo Coelho, o preço fixo é danoso à indústria do livro. “Você não pode fixar o preço e não permitir o desconto, você estimula a pirataria. Daí a pessoa vai optar pelo que é de graça. As pessoas não são desonestas, elas têm dificuldade de acesso”, comentou o escritor. As declarações de Paulo Coelho foram nitroglicerina pura, sobretudo pelo momento de concentração de esforços na luta contra a Amazon. A gigante de Jeff Bezos anunciou momentos antes do início da feira o início do Kindle Unlimited na Alemanha. O serviço de assinatura de livros digitais colocou a disposição dos alemães 650 mil títulos a um preço único mensal de 9,99 euros.

Frases de Paulo Coelho em Frankfurt

“Escrever é como fazer amor”

“Vou ganhar várias resenhas ruins na Alemanha. Mas não leio em alemão. Então, eu olho só as listas de mais vendidos”

“Tenho o melhor divulgador do mundo – o boca a boca”

“As pessoas leem para se entreter ou para aprender alguma coisa. Hoje há uma briga entre informação e entretenimento”

>“O problema do preço do livro é um dos problemas do livro”

>“Hoje todos têm voz e a partir do momento em que todos têm voz, faz muito barulho e se tem muito barulho, ninguém escuta ninguém”

“Eu não comecei a escrever no Brasil porque queria dinheiro. Comecei a escrever porque queria me expressar”

“A narrativa é o nosso jeito de deixar alguma herança”

“Acredito que as grandes estruturas entrarão em colapso”

“Acredito no poder de uma boa história”

[09/10/2014 00:00:00]