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Mentes Digitais
PublishNews, Iona Teixeira Stevens, 15/04/2013
Conferência sobre mercado digital aconteceu no último domingo

“Nos anos 70 o sindicato dos músicos distribuía um adesivo amarelo que dizia ‘Fitas cassetes estão matando a música’”, assim o escritor Neil Gaiman abriu o dia de conferência sobre o mercado digital, Digital Minds, que precede a Feira do Livro de Londres, ontem. Entre analogias de livros e tubarões (os tubarões já existiam na época dos dinossauros, mas não foram extintos), uma metáfora de Gaiman colou: “Nós mamíferos nos preocupamos muito com nossas crias, temos que ser mais como os dentes-de-leão, espalhar o máximo de sementes possível”. “Às vezes tentamos algo e ‘pega’, e às vezes não”, explica o escritor, que possui cerca de 1,8 milhão de seguidores no Twitter. Cunhada como ‘the dandelion theory’ ao longo do dia, a máxima da conferência Digital Minds foi “Erre muito e erre rápido”.

Em seguida, Will Atkinson, da editora britânica Faber & Faber, apresentou um resumo do ‘ano digital até agora’ no Reino Unido, com highlights mais óbvios como a fusão Random Penguin, e algumas tendências, como a volta do modelo de negócio agência, ou “agency lite”, e a intervenção do governo, através de comissões de monopólio. “É hora de se aproximar de sua associação de editores, ela será mais importante que nunca”, avisou Atkinson. Ele brincou também como os novos formatos e papéis das editoras no mundo digital, mostrando um slide com as habilidades necessárias do novo editor, em branco, mostrando que na verdade ninguém sabe. “Tudo que é vagamente ‘século 21’ veio do pessoal do marketing”, afirmou o editor. Do ponto de vista interno, Atkinson disse que o formato EPUB 3 não vingou (ainda) e que há uma erosão do DRM. Por último, ele ressaltou que o problema da “descobertabilidade” (Discovery gap) é e continuará sendo a diferença fundamental entre os mercados físico e digital.

Um dos painéis mais interessantes foi o que cobriu os mercado emergentes: Turquia, China, Coreia e Brasil - este último foi apresentado por Carlo Carrenho. Como é de praxe, a China, representada por Lisa Zhang da plataforma Cloudary, apresentou números impressionantes: 203 milhões de leitores online, em um país onde o self-publishing lidera a transição para o digital - ano passado foram 6 milhões de títulos. Segundo Lisa, nenhuma plataforma se estabeleceu de forma preponderante até agora, mas sua empresa, Cloudary, é a maior comunidade de self-publishing, e possui um modelo de negócios inovador, com micro-pagamentos: o autor vai publicando os textos e, quando acumula um número grande de leitores, a leitura do conteúdo passa a ser cobrada pelo site, e o autor recebe o retorno aos poucos. Os leitores têm ainda a opção de “dar gorjeta” pelo site, para incentivar o autor a escrever mais rapidamente.

O coreano Robert Kim, da iPortfolio, foi categórico: “É muito difícil achar alguém lendo livros físicos hoje em dia na Coreia”. O país asiático é um grande consumidor de tecnologia, e a adoção de tablets é bastante abrangente. Neste contexto, porém, Kim explica que o mercado de e-books é estagnado. Os coreanos preferem consumir pequenas parcelas de conteúdo online a comprarem livros inteiros. Outra característica é o fracionamento do mercado coreano. Sem grandes players como Amazon, Apple ou Kobo, Roebrt Kim brincou que a Coreia é o “cemitério dos players internacionais”, tendo chutado pra fora Carrefour, Walmart, entre outros.

Na Turquia, país homenageado em Londres esse ano, o destaque ficou para o programa do governo, que pretende comprar 16 milhões de tablets. Assim como o Brasil, o mercado digital ainda não é significante, menos de 3 % do total. Segundo Mehmet Inham, da plataforma EBI & Idefix, o gargalo está no lado da produção, pois editoras não mostraram ainda interesse em migrar para o digital.

[15/04/2013 00:00:00]
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