Brasil Educação

‘Não existe método descartado’ para a alfabetização

Nas escolas privadas e públicas, participação dos pais é importante para o aprendizado

SÃO PAULO - Crianças com menos de 6 anos incentivadas pelos pais desde cedo a aprender e com acesso a livros e revistas têm iniciado o 1º ano do ensino fundamental já com o processo de alfabetização iniciado.

— Não é com a maioria que isso acontece, mas há crianças que chegam ao 1º ano sabendo identificar letras e palavras — afirma Isabel Cossalter, coordenadora pedagógica do ensino fundamental do colégio particular paulista I. L. Peretz.

O I. L. Peretz tem como meta alfabetizar plenamente os seus alunos até o final do 2º ano do ensino fundamental. Um ano antes, portanto, da meta estabelecida pelo Ministério da Educação no pacto firmado com prefeituras e estados.

Segundo a presidente da ONG Comunidade Educativa, Beatriz Cardoso, escolas particulares conseguem alfabetizar mais cedo que as públicas por vários fatores.

— Seu contingente é constituído de alunos com background cultural mais rico, têm professores com melhor formação, alunos com maior poder aquisitivo e acesso a livros, materiais diversos e vida cultural, além de ajuda de pais letrados que estimulam e ajudam os filhos — afirma Beatriz.

No Rio, o índice de faltas dos alunos do 1º ano do ensino fundamental nas escolas municipais preocupa a prefeitura. Segundo o município, são as crianças matriculadas no 1º ano — em que o processo de alfabetização é mais reforçado — as que mais faltam.

— Se a criança não vai, não tem como alfabetizar. Vinte e quatro por cento dos alunos de 1º ano têm 12,5% de faltas. Nenhuma série tem tantas faltas como o 1º ano. A gente vai assinar um pacto com os pais para que eles se comprometam com a presença dos filhos na escola — afirma a secretária Claudia Costin.

Professora do Ciep 1º de Maio, em Santa Cruz, no Rio, Vanda Regina Barbosa diz que um bom entrosamento entre os professores e os pais dos alunos é importante para ter sucesso na alfabetização das crianças. Segundo Vanda, que por dois anos consecutivos esteve entre as dez melhores alfabetizadoras da rede municipal carioca, é fundamental saber quais são as dificuldades e os problemas enfrentados pelos estudantes.

O Ciep onde Vanda trabalha se destaca entre as escolas públicas da cidade, pois alunos do 3º ano do ensino fundamental conseguiram o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação do Rio de Janeiro (IDE-Rio) de 2010.

De acordo com Vanda, o segredo para conseguir alfabetizar é ter persistência.

— No começo do 1º ano do ensino fundamental, os professores têm que fazer de tudo. Não existe método ultrapassado ou descartado. Você tenta um método, depois usa outros e depois outros. Tem que tentar de tudo e se esforçar — afirma a professora.