Publicidade
Em defesa dos e-books!
PublishNews, 12/07/2012
Em defesa dos e-books!

Fui bombardeada com informações sobre o fiasco das vendas dos e-books. Vamos colocar uma lente de aumento nisso? Acho que o pior dessas comparações é quando colocam lado a lado mercado brasileiro e o internacional. Hello! Nosso país está aprendendo a ler e a consumir livros agora... Nossa classe C não tinha dinheiro para isso. Para conferir, basta fazer as contas: quantos por cento é o preço de um livro se comparado à cesta básica de uma família brasileira? Muito, não? O maior cliente individual dos livros impressos, no nosso país, ainda é o governo.

Me nego a ser a “Dona estatística”. Fujo disso. Primeiro porque sou péssima em matemática, depois porque sou operária do e-book. Escrevo sobre meu dia-a-dia. E meu dia a dia diz: os e-books vendem muito mais do que diz a pesquisa da Fipe divulgada ontem. Mas não vou me aprofundar na informação, até porque teria que ter números claros e não me disponho a isso.

Vamos analisar em termos de proporção e antes de compararmos vendas, vamos comparar conteúdo. Pelo que vejo, não podemos comparar a quantidade de acervo em papel com a quantidade de acervo digital. O mercado editorial inicialmente só se dispunha a lançar em e-book o backlist (como já escrevi antes, backlist não vende em papel e obviamente não venderá em e-book). Depois, por medo de encalhe do livro físico no estoque, os editores deixam o calor do lançamento esfriar para, então, lançar o livro em digital. Isso é um horror! Fora do país (pessoal esperto!) a tática é completamente diferente – agora, sendo irônica: por que será que vendem mais e-books do que nós?!

Analisemos o conteúdo, as opções que nossos consumidores têm. Não é muita coisa... Pelo meu chutômetro, calculo que no Brasil temos no máximo dos máximos, forçando muito, uns 20.000 e-books. Queridos do mercado... Quantos livros, em papel, temos nos estoques brasileiros? Quantos são lançados todos os dias? Qual é a atenção dispensada em cada formato? Seu marketing é consumidor de e-books?

Quando é que o mercado perceberá que é muito mais fácil alcançar os leitores, divulgar, distribuir, vender, promover pelo formato digital? Quando começarão a lançar primeiro o digital e depois o impresso? Quando é que teremos um acervo como os dos livros digitais em inglês? Aí, sim, os números vão agradar. Mas por favor, parem de culpar o formato! O problema das vendas (e do e-book ainda não se pagar) é erro da estratégia do mercado.

camila.cabete@gmail.com

Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.

Link para o LinkedIn

camila.cabete@gmail.com (Cringe!)

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

[11/07/2012 21:00:00]
Leia também
Qualquer passo é melhor do que se fechar na negação ou ficar girando em círculos de demonização do novo
Em novo texto, Camila Cabete fala sobre a importância de se abrir para o novo e entender antes de julgar
Em novo artigo, Camila Cabete compartilha o que viu e ouviu durante sua primeira visita aos Emirados Árabes Unidos
Em sua coluna, Camila Cabete fala sobre os recentes avanços tecnológicos e reforça que antes de criticar, é preciso se aprofundar no assunto
Em nova coluna, Camila Cabete explica como funciona uma Edtech, como é chamada uma empresa de tecnologia com missões ligadas à educação
Outras colunas
​A menina que acreditou que o mundo não poderia ser dela reflete sobre os limites impostos pelas vozes externas e a descoberta da própria força interior
Sâmara Lígia explora o universo lúdico e colorido repleto de seres mágicos e encantamentos cotidianos
​Mais do que uma simples fábula, obra é um convite para crianças e adultos refletirem sobre resiliência, empatia e a força de acreditar nos próprios sonhos​
Espaço publieditorial do PublishNews apresenta quatro novidades da literatura infantojuvenil
'Cirandei' é uma obra que transforma a poesia em brincadeira e nos convida a um passeio pelo universo lúdico da infância