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Brasileiros passam a ler mais autores da Rússia
PublishNews, Flávia Leal, 15/02/2012
Com um número maior de traduções feitas diretamente do russo, aumenta o interesse pela literatura do país

Geralmente, os cursos de férias do Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo, recebem de 30 a 50 alunos. Quando, este ano, o curso “Literatura russa: invenção e tradição”, ministrado por Nelson Ascher, bateu a marca de 100 inscrições, a surpresa da organização foi total. “Nunca tivemos tantas pessoas inscritas em um evento de férias”, conta Tania Rivitti, coordenadora de cursos da instituição. As aulas aconteceram entre os dias 30 de janeiro e 2 de fevereiro.

Qual o motivo de tamanha procura? Tania acredita que a maior quantidade de livros de escritores russos publicados no Brasil, nos últimos anos, e as melhores traduções dessas obras têm relação direta com o aumento do interesse do público por essa literatura. Em sua avaliação, é natural que as pessoas queiram aprender mais sobre os autores que leram e desejem se aprofundar nos assuntos retratados nos livros.

De fato, não apenas um número maior de obras russas está sendo publicado no Brasil, como as traduções vêm sendo feitas diretamente da língua original – ao contrário do que era feito no passado, quando boa parte dos livros de literatura russa disponíveis no Brasil era traduzida a partir de outros idiomas, como o francês. Como exemplo desses trabalhos recentes estão as traduções de Paulo Bezerra, para a Editora 34, e as de Rubens Figueiredo, para a Cosac Naify, todas elas aclamadas pela crítica.

Alberto Martins, editor da 34, afirma que o catálogo de literatura russa é o de maior sucesso da editora. Entre os títulos mais vendidos nos últimos tempos estão os de Fiódor Dostoiévski: Crime e Castigo e Os irmãos Karamázov. No caso da Cosac Naify, Guerra e paz e Anna Kariênina, de Liev Tolstói, são os mais procurados.

Para Tania, do Centro Maria Antônia, antes o interesse pela Rússia estava inserido no aspecto político, passava pelo crivo acadêmico e chegava aos partidos de esquerda, além dos movimentos operários. Hoje, outras questões estão em jogo e decorrem do interesse cultural pelo país. Segundo ela, os brasileiros agora procuram a literatura russa pela qualidade literária dos escritores e também pela curiosidade em relação ao país. “Alguns dos participantes do curso já tinham viajado para a Rússia ou estavam com viagem marcada”, conta a coordenadora.

Os lançamentos de escritores russos previstos para este ano, por parte da 34, são: duas coletâneas de contos de Nikolai Leskov, ambas com títulos provisórios de A fraude e outras histórias e A fera e outras histórias; O mistério-bufo, de Vladímir Maiakóvski; Três anos, de Anton Tchekhov; Rudin, de Ivan Turguêniev; O vilarejo de Stiepantchikov e seus habitantes, de Fiódor Dostoiévski, e Os sete enforcados, de Leonid Andrêiev. Já a aposta russa da Cosac Naify para 2012 é Oblomov, de Ivan Goncharov.

[15/02/2012 01:00:00]
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