Livrarias mantêm planos de expansão física
PublishNews, Roberta Campassi e Flávia Leal, 24/01/2012
Principais redes do país vão inaugurar novas lojas em 2012; e-commerce e outros segmentos contribuem para aumento de receitas
Nos últimos meses não faltaram comentários sobre o bom desempenho das livrarias no Brasil, muitas vezes em comparação com um cenário negativo observado na Europa e nos Estados Unidos. Em dezembro, ao anunciar a compra de 45% da Companhia das Letras, John Makinson, principal executivo da Penguin, mostrou-se entusiasmado com o vigor do mercado de publicações impressas do país. Recentemente, a portuguesa Tinta-da-China anunciou que se instalará no Rio, em março, porque o “mercado editorial brasileiro está em franca expansão” e “as livrarias brasileiras são fantásticas”. Até autores de best-sellers que passam por livrarias de todo o mundo, como o espanhol Javier Sierra, costumam ficar impressionados com a quantidade de grandes lojas existentes aqui – pelo menos nas maiores capitais.

Em 2012, as principais redes livrarias do país vão aumentar o número de lojas físicas, além de focar nas vendas on-line e em outros segmentos aquecidos. O crescimento previsto para o PIB (4,5% este ano, contra cerca de 3% em 2011) e a percepção de que várias cidades e bairros carecem de livrarias motivam os planos. E a concorrência acirrada, que ainda ganhará combustível extra com a estreia da Amazon e do Google eBooks no país, ainda não esfria o otimismo dos livreiros. Para eles, o esperado crescimento do mercado de livros digitais ainda não justifica frear a expansão física. Juntas, as redes Saraiva, Leitura, Cultura, Curitiba e Vila devem inaugurar pelo menos 14 lojas até o fim do ano.

A Saraiva, maior rede de livrarias do país com 102 lojas, prevê abrir mais três ou quatro unidades no segundo semestre do ano, incluindo as chamadas megastores. Em 2011, a companhia agregou um total de oito novos pontos. Nos primeiros nove meses do ano passado, a receita da Saraiva com varejo subiu 20%, para R$ 1,02 bilhão. Os principais produtos continuam sendo livros e, segundo Marcílio Pousada, diretor presidente das livrarias, o objetivo continua sendo aumentar a venda de títulos em ritmo mais acelerado do que a média do mercado. Mas a expansão também será ajudada fortemente por outros segmentos, como eletrônicos e games, e pelo comércio virtual, que representa quase 40% dos negócios.

A Livraria Cultura, por sua vez, vai inaugurar quatro lojas em 2012, o que no caso da rede vai representar a maior expansão já feita em um ano. As livrarias serão abertas no segundo semestre, em Manaus, São Bernardo (SP), Recife (segunda unidade) e Rio de Janeiro (também segunda unidade). “Estamos mais do que dobrando os investimentos em expansão”, afirma Fabio Herz, diretor de marketing e relacionamento da companhia. “Apesar de toda a discussão sobre digitalização, enxergamos um potencial muito grande para lojas físicas. Há uma carência desses espaços em muitas capitais e um público ávido por consumir conteúdo”, diz. Atualmente, a rede tem 13 lojas, além de um e-commerce.

Em 2011, segundo Herz, o faturamento total da Cultura cresceu 14,5%. A quantidade de livros comercializados aumentou 9,6%, enquanto a receita com eles subiu 12,6%. Outros produtos, contudo, tiveram um desempenho mais forte, com destaque para CDs, DVDs e games. Algumas dessas categorias “promissores” devem ganhar mais espaço nas lojas, o que pode reduzir a área para livros, segundo Herz. “Mas diminuir o espaço não significa necessariamente reduzir o peso dos livros na receita, porque é possível aumentar a produtividade.” Ele afirma que os livros compõem atualmente 67% da receita da Cultura, o mesmo percentual registrado há um ano.

A rede Leitura, original de Minas Gerais, pretende inaugurar este ano cinco novas lojas, três no primeiro semestre e duas no segundo. Salvador, Uberlândia (MG) e Taubaté (SP) são algumas das cidades que ganharão unidades. A empresa fechou 2011 com 31 lojas físicas e uma virtual. O volume de livros vendidos no ano passado foi cerca de 10% maior, segundo Marcus Teles, chegando a 3,45 milhões de unidades (2,8 milhões no varejo e o restante, no atacado) – essas vendas representam metade dos negócios da Leitura. “O livro físico continua crescendo e isso deve continuar por um bom tempo”, afirma Teles. No entanto, da mesma forma que na Saraiva e na Cultura, outros segmentos crescem mais rápido e contribuem para estimular a abertura de novas lojas. A receita da rede subiu 15% em 2011 e a expectativa é manter o mesmo ritmo este ano.

No caso das Livrarias Curitiba, a previsão é inaugurar no primeiro semestre deste ano uma nova unidade em Florianópolis, segundo Marcos Pedri, diretor comercial da companhia. Atualmente, a rede opera 20 lojas nos estado do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Pedri afirma que o foco do grupo para 2012 é a expansão da venda on-line de livros. Para isso, a rede já investiu R$ 300 mil na modernização do site.

Segundo o executivo, a Livrarias Curitiba cresceu 12% em 2011 em relação ao ano anterior. Foram vendidos 2,4 milhões de livros no varejo e 2,6 milhões no atacado. Para este ano, o objetivo é ampliar as vendas em 15%.

A Nobel também possui projeto de expansão em 2012, mas não revela números sobre a abertura de novas lojas. Segundo o diretor Sérgio Milano Benclowicz, a meta é vender também 15% mais que em 2011, quando a rede comercializou cerca de 1,5 milhão de livros. A empresa, que opera com o sistema de franquias, possui ao todo 220 unidades, no Brasil, Portugal, Espanha, Angola e Colômbia, sendo que o maior número está presente em território nacional – 190 lojas. “Vamos procurar mais investidores e possíveis parceiros nos locais onde não estamos presentes”, afirma Milano.

O diretor explica o porquê da preferência do consumidor pelas lojas físicas: “Sabemos, através de pesquisas, que o consumidor procura a livraria, primeiramente, como lazer. Cerca de 70% dos clientes não sabem o que comprar ou se irão comprar quando entram na livraria. Investimos em exclusividade, através da qualidade de nossos produtos, ambientes acolhedores e bom atendimento para atrair clientes e futuros compradores.”

A livraria Laselva também pretende aumentar a venda de livros on-line. Ela iniciou um projeto de expansão em 2008, com a sua marca em livrarias, cafeterias e lojas de conveniência. Atualmente, possui 80 lojas no Brasil. O foco, agora, é a loja virtual, reformulada em outubro do ano passado, de acordo com o diretor comercial e de operações da livraria, Marco Aurélio Moschella. Além dos livros, também disponibiliza para a compra on-line eletrônicos, eletrodomésticos, produtos de informática, brinquedos, DVDs, telefonia, entre outros.

A Livraria da Vila, em São Paulo, também prevê expansão, virtual e física. Segundo Samuel Seibel, proprietário da rede, existem seis unidades em São Paulo. A sétima loja abre em abril deste ano, no shopping JK Iguatemi.

Seibel conta ainda que também em 2012 será lançado o e-commerce da livraria, com a venda de conteúdo digital. Ele informou que o projeto está na fase final, mas ainda sem data certa para ser iniciado.
[24/01/2012 01:00:00]
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