Acredito que falei em disciplina em 90% de minhas colunas e lá vou eu falar de novo, pois essa palavrinha é o que rege (ou o que deveria reger) a vida de um freela. No texto de hoje quero usá-la especificamente no contexto da quantidade de trabalhos que você pega em relação ao quanto de dinheiro que você guarda.
É muito importante que o freela seja disciplinado com o dinheiro que recebe, pois haverá meses com mais trabalho e outros com menos, por isso é bom a pessoa ir fazendo um fundo para os meses de baixa, como a formiga na fábula da formiga e da cigarra.
Pode ser uma poupança, alguma outra aplicação ou até mesmo embaixo do colchão, mas é indispensável que você sempre calcule bem o que vai ganhar, quanto precisará gastar com contas e o quanto pode poupar. Se por acaso não estiver sobrando nada, talvez seja hora de rever seus gastos e fazer cortes neles.
E aí entra novamente a disciplina que o freela precisa ter: a hora de aceitar trabalhos. Tem épocas do ano que a coisa bomba, um monte de gente que passar coisas e você fica pensando se deve aceitar tudo, pois dali dois ou três meses pode não ter trampo. Muita gente acaba tentando abraçar o mundo e atrasa todos os trabalhos.
É exatamente para isso que o freela deve ter todo o cuidado financeiro acima: não cair na armadilha de querer abraçar o mundo e acabar prejudicando a qualidade do seu trabalho e o seu nome. Você deve tentar pegar apenas o que consegue dar conta. Dizer não é algo bem difícil, mas imprescindível para o freela.
Quando eu era editor, sempre preferi o freela que me dizia que não podia pegar por causa do prazo do que o que pegava e depois não conseguia fazer. É claro que atrasos acontecem e ninguém consegue fazer tudo certo sempre, mas o atraso não pode ser a regra, tem que ser no máximo a exceção.
Portanto volto a bater na mesma tecla: DISCIPLINA. Gaste menos do que ganha, guarde dinheiro para quando o inverno chegar, pegue só o que conseguir dar conta e não tente abraçar o mundo.
Cassius Medauar (@cassiusmedauar) é formado em Jornalismo pela Cásper Líbero e está no mercado editorial há vinte anos, tendo trabalhado como editor (Conrad, Pixel/Ediouro e JBC), tradutor e jornalista freelancer. Fanático por quadrinhos, cultura pop em geral e esportes, traduziu coisas como Beber, Jogar e F@#er, O vendedor de armas, a série Dexter, as biografias de Michael J. Fox, Tim Burton e Lily Allen, Cicatrizes (HQ), entre outros. Nos sete anos como Gerente de Conteúdo da Editora JBC, foi responsável pela mudança de qualidade da linha de mangás e HQs da editora e a implantação de seu modelo digital (publicações em e-book e mídias sociais). Sua coluna aborda especialmente o mercado de quadrinhos e geek, mas digital, trabalho freelancer, surfe e futebol podem marcar presença.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.