25 mil pessoas, 14 mil livros vendidos e certeza de que é hora de se profissionalizar
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 29/08/2011
Na edição de 30 anos da Jornada de Literatura, até tablets foram vendidos

A professora Tania Rösing tem uma lista de “amigos abnegados”. Juntos, e de forma voluntária, são responsáveis pela façanha de preparar adultos e crianças durante todo o ano para que na semana da Jornada Nacional de Literatura, que esse mesmo grupo organiza, eles aproveitem melhor o momento do encontro com os escritores e pesquisadores. Assim, perguntas não faltam nas lonas – e é bonito de ver os participantes mais jovens da Jornadinha, entre seus 6 e 7 anos, fazendo fila com a questão na ponta da língua. Entre os dias 22 e 26 de julho, a 30ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo recebeu mais de 25.500 pessoas, entre as quais nada menos do que 20 mil crianças e adolescentes da região. Nesse período, foram vendidos 14 mil livros na Livraria do Maneco e o Banrisul financiou cerca de 100 tablets Samsung Galaxy. Os convidados vieram de diversos países. E de todos os debates, só um terminou em bate-boca.

Mas o caminho para chegar até aí foi longo e à base de muito chá de cadeira, que Tania tomou nas salas de espera de gabinetes de políticos em Brasília e nas editoras. A Jornada deste ano custou R$ 4,5 milhões, e está cada vez mais difícil conseguir esse dinheiro. Isso porque muitos querem compará-la a eventos literários e ela pode ser chamada de muita coisa menos de evento. “Nós não somos uma festa literária igual às outras. Somos um processo de formação de leitores”, explicou a coordenadora e idealizadora da Jornada, que pediu mais apoio à Universidade de Passo Fundo e aos representantes da Prefeitura e Governo do Rio Grande do Sul. Para isso, contou com a ajuda dos coordenadores dos debates, Alcione Araújo e Ignácio de Loyola Brandão. Todos prometeram mais verba e mais apoio para a realização do projeto.

A profissionalização do trabalho também foi destacada por Tania Rösing. “Preciso de uma garantia estrutural, já que muitas pessoas da equipe envelhecemos”. A equipe é bem intencionada, mas Tania é dessas pessoas centralizadoras. A cada voo que pousava em Passo Fundo nessa semana – chega um por dia – lá estava a coordenadora dando as boas vindas. Se o som da tenda das crianças vazava para a dos adultos, era ela quem percebia e corria para resolver. Para trazer a crítica argentina Beatriz Sarlo, Tania ficou três anos pendurada em seu celular fazendo os contatos. Por fim, para não perder a oportunidade de ver uma exposição de cartum que tanto queria na Jornada, que estava ameaçada por falta de transportadora, ela mesma foi a Brasília e levou 111 ilustrações debaixo do braço até Passo Fundo. “Precisamos de pessoas nas diferentes funções com controle pleno da sua atividade. Já tem muita gente trabalhando, mas precisamos de mais”.
[29/08/2011 00:00:00]