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De última hora... igual ao mercado editorial
PublishNews, 14/07/2011
De última hora... igual ao mercado editorial

Vamos começar pelas melhores partes! Crescimento de vendas de e-books (falo pela livraria que trabalho) de mais de 30% ao mês! Editoras como a Saraiva, subindo livros a cada semana (na linguagem do digital, não se publica, se sobe). Se não me engano, a editora Saraiva já tem mais de 600 títulos digitais sendo distribuídos pela Xeriph. E pasmem! Romances femininos românticos e picantes vendem que é uma coisa.

Meus amigos de trabalho, os andróides (vulgo carinhosamente de engenheiros e desenvolvedores), se surpreendem a cada dia com a quantidade de clientes mulheres... Sim, quem mais lê somos nós, do ex-sexo frágil. Somos gastadeiras mesmo, não é?

O engraçado é esse sentimento brasileiro que temos de que sempre dará tempo, e por isso vamos deixar tudo para a última hora! O setor editorial e livreiro tem isso muito forte. Hoje o faturamento em e-books de uma editora grande jurídica só chega a 3% das vendas totais. Você acha pouco? Se levar em consideração que o aumento é de mais de 30% ao mês, que os tablets ficarão mais baratos, que surgirão editais para produtos digitais, que as universidades aderiram e já oferecem o conteúdo digitalizado aos alunos (e olha que tem muito aluno!)... Realmente isso deixa de ser tão insignificante. Olhem que interessante esta reportagem

O pior de tudo isso é a ramificação exacerbada do setor de diagramação que venho percebendo nos últimos tempos. Tenho a sensação que ninguém quer ajudar ninguém. As pessoas se vêem como inimigas mortais... Se um grupo sai mais na mídia que outros... ah... que injustiça... que ódio... que inveja?! Isso tem acontecido demais entre os diagramadores. Coitados, ficam numa briga com o vento, escondendo tecnologias e truques como se o Santo Google não os fosse revelar. Um novo setor em guerra! Temos facções. Portanto, editor, ao formular opiniões sobre determinados prestadores de serviço, cuidado: cada facção puxa para o seu lado...

Num curso que ministrei para falar da minha experiência prática no mercado digital, ao preparar meu conteúdo, cheguei na parte onde deveria mostrar os setores dentro das editoras que mais apresentaram resistência no processo de transição, mas cheguei à conclusão de que foi somente no comercial, editorial, produção e financeiro. Cada um ao seu jeito. Mas o que mais se ramifica e forma facções é a diagramação. Daqui a pouco estarão invadindo um o morro do outro. Oh, quem será o “Capitão Nascimento” que poderá nos defender?! Ops, misturei com Chapolim, mas tudo bem!

Não vejo outra saída que não seja estudar, colocar o pessoal de produção para fazer cursos, buscar consultorias, experimentar profissionais.

Na próxima coluna quero especificar as dificuldades que vivenciei nos setores, dentro das editoras, para que possam retirar nós e identificar gargalos que, com certeza absoluta, podem ser os responsáveis pelo atraso na entrada de sua empresa no mercado digital ou emperramento de seu perfil profissional, caso estejam abaixo de um gargalo ou de um nó cego.

Atenção: falo de minha experiência prática, dia a dia, sem filosofias nem teorias mirabolantes. E sim, posso estar errada e mudarei de ideia caso consiga enxergar diferente, ou caso minha rotina mude em algum aspecto (vocês saberão, podem contar com isso).

Mas termino esta coluna feliz com o resultado do jogo: 4x2 ...haha...eu não seria tão diferente assim das pessoas da minha área: deixei para escrever a coluna na última hora.

camila.cabete@gmail.com

Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.

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camila.cabete@gmail.com (Cringe!)

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

[13/07/2011 21:00:00]
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