Para exercer as profissões de jornalista e escritor, George Orwell não teve dó de sujar os sapatos. Foram suas próprias vivências, experiências e observações do mundo que inspiraram sua obra, desde a ficção, até artigos e crônicas. Essa convicção de que a experiência direta ensina mais do que erudição livresca está presente na obra Como morrem os pobres (Companhia das Letras, 416 pp., R$ 44 – Trad. Pedro Maia Soares), segundo livro de ensaios do autor publicado aqui no Brasil - o primeiro foi Dentro da Baleia, em 2005. Neste novo volume, estão reunidos textos sobre os mais diferentes assuntos, desde comentário sobre a dura vida dos pobres que vivem de albergue em albergue até o futebol e espírito esportivo, todos selecionados por João Moreira Salles e Matinas Suzuki Jr. A primeira parte do livro contém relatos e reflexões de quando Orwell viveu experiências extremas para ganhar conhecimento de causa na hora de escrever: ele foi sem teto, bóia-fria, presidiário e paciente de um hospital público. Em outra parte estão seus artigos sobre o uso da linguagem verbal no romance, na poesia, na propaganda política e no jornalismo.