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Grupo Record desiste do Jabuti e CBL se surpreende
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 12/11/2010
Prêmio dado a Chico Buarque motivou a decisão da editora

A Câmara Brasileira do Livro recebeu com surpresa a notícia de que a Record não vai mais inscrever suas obras no Prêmio Jabuti por não concordar com os critérios de escolha do “Livro do Ano”. Em 2010, como já aconteceu em algumas outras edições, o melhor livro de ficção foi o segundo melhor na categoria em que concorreu originalmente. Assim, Chico Buarque levou o prêmio máximo de R$ 30 mil por Leite derramado (Companhia das Letras), mas ficou atrás de Edney Silvestre, autor de Se eu fechar os olhos agora (Record), na categoria romance. Ignácio de Loyola Brandão também passou por isso em 2008. Ele ficou em segundo lugar na categoria infanto-juvenil com O menino que vendia palavras (Objetiva) e ganhou de Cristóvão Tezza, o escritor mais premiado daquele ano por seu O filho eterno (Record), o título de “Livro do Ano”. Em 2000, outro caso despertou ainda mais estranheza. À sombra do cipreste (Palavra Mágica), de Menalton Braff, não ficou entre os três primeiros colocados e no fim foi considerada a melhor ficção daquele ano.

Na carta, Sérgio Machado, presidente do Grupo Record, escreve: “Não aceitamos - principalmente em um país como o nosso, onde quase sempre o mérito é posto em segundo plano - que o principal prêmio literário atribuído pelo setor editorial possa ser conferido a um livro que não esteja entre aqueles considerados os melhores em seus respectivos gêneros”.

E vai além: “Tomamos então a decisão de não mais compactuar com a comédia de erros. As normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos. Para não mencionar fato ainda mais grave: quando é evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial.

Para José Luiz Goldfard, curador do prêmio, o caminho escolhido – enviar uma carta à Folha de S. Paulo e depois publicar em seu site – não foi muito construtivo e até agressivo. “Estou há 20 anos no Jabuti e estou acostumado a ouvir críticas diretas. Eu esperaria um telefonema do Sérgio Machado”, disse José Luiz Goldfarb.

O prestígio do Jabuti está justamente porque se trata de um prêmio que dá voz ao mercado editorial. Na primeira fase, quem seleciona as obras é uma comissão formada por três pessoas (para cada categoria). Elas podem ser jornalistas, críticos, professores universitários. Na segunda fase, que é justamente quando são escolhidos os melhores livros de ficção e não-ficção, além desses mesmos jurados, o prêmio conta com o voto dos associados da Câmara Brasileira do Livro. Ou seja, editores e livreiros fazem a sua escolha – com critérios diferentes dos críticos da primeira fase. Goldfarb disse que o prêmio recebe uma média de 150 a 200 votos, o que dá cerca de um terço dos associados.

“O prêmio tem fases diferentes e comissões julgadoras diferentes. Se alguém sente que esse sistema não está correto, estamos abertos para receber sugestões e buscar a melhoria”, disse o curador. O Jabuti acontece há 52 anos. “Quando ele inscreveu, tinha consciência das regras”, completou.

Goldfarb disse que recebeu uma ligação do presidente do Grupo Record nesta tarde. Ele disse que se houver uma reflexão quanto às questões levantadas, ele está aberto concorrer novamente.

Confira a carta da carta da Record e a resposta da CBL.

[12/11/2010 01:00:00]
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