Uma Flip mais tranquila
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 09/08/2010
Organização calcula que entre 15 e 20 mil pessoas tenham passado pela cidade na 8ª Festa Literária Internacional de Paraty

Os visitantes da 8ª Flip, acostumados à superlotação nos dias da festa, estranharam encontrar uma Paraty tranquila, com mesas disponíveis nos restaurantes, água na torneira, vagas nas pousadas e lugares vazios na Tenda dos Autores – até para os debates que tiveram os ingressos esgotados rapidamente, como o de Ferreira Gullar. O frio e a chuva dos primeiros dias podem ter ajudado a garantir a tranquilidade. A programação mais densa e menos pop, também. Mas menos gente na cidade não significou menos gente no evento, e isso foi bom.

De acordo com Mauro Munhoz, diretor geral da festa, a Flip recebeu entre 15 e 20 mil pessoas (parecia mais para 15 mil) e 147 autores, dos quais 21 eram estrangeiros. O investimento foi de R$ 6,3 mi - R$ 5,1 mi para a realização do evento em si e 1,2 mi para as ações desenvolvidas pela Casa Azul durante todo o ano. Em 2009, a verba foi de R$ 5,9 mi.

Liz Calder, a idealizadora, estava feliz com a diversidade dos autores e dos debates desta edição. Disse também que a vinda dos escritores estrangeiros ajuda a promover, mesmo que lentamente, a literatura brasileira na Europa e nos Estados Unidos. “A experiência para eles é muito forte e inesquecível. Colum McCann disse que este é o melhor festival de literatura do mundo. Na volta para casa, eles acabam escrevendo artigos sobre a Flip e isso chama a atenção das editoras para o que está sendo publicado aqui”, comentou.

Para Flavio Moura, Lou Reed, o mais aguardado e que cancelou a viagem dias antes da festa, não foi uma ausência importante. Ter conseguido trazer Robert Crumb – e fazer com que ele subisse ao palco - foi a grande vitória da Flip. Comentou também que a mesa de Ferreira Gullar vai entrar para as antologias da Flip.

Liz Calder disse que não há fórmula para se fazer a festa, mas garantiu que “ela será sempre mobilizadora”. Mais ou menos ficção, não importa. As mesas sobre Gilberto Freyre tiveram avaliação positiva da organização. Liz disse ainda que a natureza da programação vem dos autores convidados e do encontro entre eles no palco. “A mesa de Yehoshua e Azar Nafisi foi mágica, eles falaram com tanta paixão e antes nós nem saberíamos se eles conversariam”.

Mesmo com as críticas mais fortes neste ano (ausência de ficcionistas, repetição de autores brasileiros, mediações ruins), a Flip segue firme e forte, mas ainda não pensa em 2011. Tanto que a organização não confirmou se Flavio Moura continuará à frente da programação por mais um ano. “Estamos falando de uma atividade criativa que faz parte de um processo. De repente, o Flavio vai morar em outro país... Este é um caminho que se faz ao caminhar”, disse Mauro Munhoz. Perguntado se estava pensando em morar em outro país, Flavio disse que não.

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A cobertura dos festivais pelo PublishNews tem o apoio da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
[09/08/2010 00:00:00]