Clássico de Kant em nova tradução e edição bilíngue
PublishNews, Redação, 28/07/2010
Tradução é de Guido Antônio de Almeida

Publicado em 1785, Fundamentação da metafísica dos costumes (Barcarolla/Discurso Editorial, 501 pp., R$ 52 – Trad. Guido Antônio de Almeida) é uma das obras mais influentes da história da filosofia moral. Nela, Immanuel Kant afirma a necessidade de uma filosofia moral pura, livre de todo resíduo de empirismo, além de investigar e determinar o princípio supremo da moral, que subjaz implicitamente a todo juízo moral particular. Kant distingue uma filosofia formal e uma filosofia material: a primeira é a lógica, que trata das formas da intelecção e das regras do pensamento; a segunda compreende a física e a ética, que estudam, respectivamente, as leis da natureza e as leis da liberdade. Ele distingue ainda uma filosofia empírica, baseada na experiência, e uma filosofia pura, que repousa sobre princípios a priori. Se esta é simplesmente formal, é chamada de lógica; se é restrita a objetos determinados do entendimento, toma o nome de metafísica. Existe uma metafísica da natureza e uma metafísica dos costumes.

Em toda filosofia, é útil separar o empírico do racional. Toda lei moral tem um caráter de necessidade absoluta e universal, cuja explicação não deve ser buscada na experiência, mas unicamente nos conceitos da razão pura. A metafísica dos costumes deve examinar não as ações e as condições da vontade humana em geral, mas a ideia e os princípios de uma vontade pura possível.

Fundamentação da metafísica dos costumes trata das bases do discurso moral, um discurso coerente e válido para todos os seres dotados de razão. Não se trata de uma moral no sentido tradicional do termo, de um sistema de regras de conduta para situações concretas, de prescrições e interdições.

A obra está dividida em três partes. A primeira trata da passagem do conhecimento racional comum da moralidade ao conhecimento filosófico, mostrando que a moralidade consiste em agir por dever e que o seu princípio é a possibilidade de universalizar as máximas das ações. A segunda aborda a passagem da sabedoria moral popular à metafísica dos costumes, partindo da noção da vontade como razão prática, com base na qual Kant mostra que o princípio moral é um “imperativo categórico” para a vontade humana, que pode ser formulado de várias maneiras equivalentes. A terceira mostra a passagem da metafísica dos costumes à crítica da razão pura prática, provando que o princípio moral é necessariamente válido para todo sujeito racional enquanto princípio de uma vontade autônoma.

Além da tradução, o filósofo Guido Antônio de Almeida também elaborou uma alentada introdução, as notas e o glossário, fazendo desta edição um precioso aliado para todos os interessados em descobrir a profundidade das análises kantianas.

O tradutor

Guido Antônio de Almeida é doutor em filosofia pela Albert-Ludwigs Universität Freiburg. Atualmente, é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, editor da revista “Analytica” e pesquisador do CNPq. Especialista no pensamento kantiano, Almeida traduziu várias obras do filósofo alemão.
[28/07/2010 00:00:00]