Por um longo período de sua vida, o filósofo francês Jacques Ellul se viu pensando se era possível ser cristão e anarquista ao mesmo tempo. Diante de tantas pesquisas, contradições e dúvidas, Jacques Ellul só temia uma coisa: tornar-se um esquizofrênico. A preocupação não era porque pretendia criar uma nova doutrina, mas porque cada vez mais se intitulava como um "anarquista cristão". Na época do lançamento de Anarquia e Cristianismo (Garimpo Editorial, 128 pp., R$ 24,90 - Trad. Norma Braga), que chega agora às livrarias brasileiras (o original foi lançado em 1989), esta extensa caminhada espiritual e intelectual provocou discussões políticas, econômicas, religiosas e sociais, levando o autor a ser amado e odiado. Pelo que todos sabem, a essência do anarquismo é: "Tornar-se um homem, sim. Um político, jamais!" E ao explicar sobre a diferença entre anarquia e cristianismo (na visão de um cristão que é), Ellul levanta discussões - daquelas intermináveis e prazerosas - como: "Os anarquistas devem votar? Se a resposta é positiva, devem se apresentar como partido?"
