Le Clézio escreve sobre o casal Diego Rivera e Frida Kahlo
PublishNews, Redação, 13/07/2010
Obra escrita pelo Prêmio Nobel de Literatura reconta a história do casal nos tempos da revolução mexicana

Diego e Frida (Record, 240 pp., R$ 39,90 – Trad. Vera Lúcia dos Reis) conta a vida do casal de artistas mexicanos que revolucionou a arte na primeira metade do século XX. Diego Rivera e Frida Kahlo tiveram histórias conturbadas. Quando se casaram, ele já havia tido muitas experiências amorosas problemáticas e ela havia sofrido um grave acidente na adolescência, que a fez passar por momentos de imensa solidão. Do encontro dos dois nasce uma relação poderosa e destrutiva, tão criativa quanto escandalosa.

Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2008, J.M.G Le Clézio faz um retrato emotivo desses pintores e vai além da mera biografia. Estudioso da História do México, tema de seu doutorado na Universidade de Perpignan, na França, o autor investiga, interpreta e desvenda o fascinante e atormentado relacionamento dos dois artistas no contexto da Revolução na Cidade do México.

No livro, resgata histórias como a de quando Frida anunciou que se casaria. “Serão as núpcias de um elefante e de uma pomba”, disse o pai. Todos receberam com ceticismo a notícia do casamento da moça problemática e de saúde frágil com o gênio dos murais mexicanos, duas vezes mais velho do que ela e com o triplo de seu peso, uma reputação de ogro sedutor, um comunista ateu com importante papel político no México revolucionário.

Em uma prosa lúcida e envolvente, Le Clézio percorre essa estranha história de amor que se constitui e é expressa pela pintura. E em uma das passagens mais sensíveis de seu texto, ele descreve o momento no qual a parceria artística e amorosa se dilui quando, com 46 anos, Frida morre, deixando a insuportável lembrança de seu ardor, de sua beleza inquieta no reflexo de espelhos vazios. Apesar do turbilhão de privilégios que cercam Diego, a solidão é enorme. Ele morre em 1957, três anos depois de sua companheira.

Diego e Frida conta a história de um casal fora do comum, indestrutível, mítico, tanto perfeito quanto contraditório, desde o encontro, o passado carregado de Diego, a experiência de dor e solidão de Frida, o envolvimento deles com a revolução, a relação de ambos com Trotski e Breton, a aventura americana e a fascinação que Ford exercia sobre eles. O papel, enfim, dos dois na renovação do mundo da arte.

Sobre o autor

J. M. G. Le Clézio nasceu em Nice, em 1940. É originário de uma família da Bretanha que emigrou para as ilhas Maurício no século XVIII. Estudou no Institut d'Études Littéraires de Nice. Sua obra alcança hoje mais de quarenta volumes, entre poesia, ficção e ensaios. Le Clézio ganhou o prêmio Nobel de literatura em 2008.
[13/07/2010 00:00:00]