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O último livro de Rodrigo de Souza Leão
PublishNews, Redação, 01/07/2010
Livro inédito do escritor, morto há um ano, “Me roubaram uns dias contados”, organizado por Ramon Mello, será lançado nesta sexta (2) no Rio de Janeiro

Carioca de múltiplos talentos, o escritor, jornalista, músico e pintor Rodrigo de Souza Leão morreu prematuramente em 2009, aos 43 anos, em uma clínica psiquiátrica. Autor do romance Todos os cachorros são azuis - finalista do prêmio Portugal Telecom 2009 e que ganhará uma adaptação para o teatro - e da reunião de poemas Caga-regras, o escritor conviveu com a esquizofrenia por mais de 20 anos. Mas isso não o impediu - muito pelo contrário - de produzir intensamente. Agora, a Record começa a reeditar, com organização e curadoria do poeta e jornalista Ramon Mello, toda a sua obra.

Antes disso, porém, lança o inédito – e último escrito - Me roubaram uns dias contados (336 pp., R$ 47,90) nesta sexta-feira (2), exatamente um ano após sua morte. Às 19h, na Livraria Museu da República (Rua do Catete, 153 – Catete – Rio de Janeiro/RJ), haverá um debate com Franklin Alves Dassie, Leonardo Gandolfi e Suzana Amaral, e mediação de Ramon Mello.

Neste romance que beira a autobiografia, o autor ignora os limites do texto e mergulha na condição humana, apresentando uma variedade de protagonistas inseridos numa realidade singular, em que todos caminham para uma grande metamorfose. Rodrigo é, ao mesmo tempo, autor e personagem de suas próprias histórias. Mas ele ignora com habilidade e extrapola esses limites em que a noção de realidade está o tempo todo em expansão, produzindo uma comunidade de muitos protagonistas.

No livro, a polifonia de vozes tece laços, mais do que afetivos, criados pelos personagens. Não há um único Rodrigo, há muitos e distintos entre si. Mas entre tantos personagens o leitor com certeza localizará semelhanças e serão essas semelhanças que farão o livro - sua vertiginosa história - fluir com a naturalidade, ora de um conto de fadas, ora de um romance policial, como explica o poeta e amigo Leonardo Gandolfi, que assina a apresentação do livro.

Humor, ironia, derrisão fazem as palavras, muitas vezes duras, fruírem espontaneamente em meio a sorrisos amarelos. Como o autor se desdobra em personagens, este livro se desdobra em outros livros - o que só faz sentido se estiverem reunidos dentro do mesmo caos: sexo virtual, gozofones, eletrochoques, perseguições da CIA ou KGB, filmes, músicas, pinturas, poemas e cacos emocionais...

Me roubaram uns dias contadosé um belo mergulho na condição humana; em especial, na dura tarefa de existir de um escritor, que convive não só com seus fantasmas, mas também com seus remédios.
[01/07/2010 00:00:00]
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