Dickens e o retrato da Revolução Francesa
PublishNews, Redação, 25/05/2010
Charles Dickens se inspira em obra publicada em 1837 para escrever “Um conto de duas cidades”

Um conto de duas cidades (Estação Liberdade, 480 pp., R$ 62 - Trad. Débora Landsberg), do inglês Charles Dickens teve como inspiração a obra História da Revolução Francesa, publicada em 1837 pelo escritor, ensaísta e historiador escocês Thomas Carlyle (1795-1881).

De um lado, encontramos personagens como o ex-prisioneiro da Bastilha, doutor Manette; Charles Darnay, o aristocrata que rompe com a família e com sua classe social; o senhor Lorry, a personificação do inglês sistemático e virtuoso; a senhora Defarge, face cruel e impiedosa das jacqueries; e Sidney Carton, aquele que confere à trama o que ela tem de mais romanesco.

De outro lado, contrapõe-se a multidão: o povo miserável de Paris e de seus arrabaldes, ora animalizado na pobreza à qual os empurrou uma voraz aristocracia, ora plateia do espetáculo dantesco de “La Guillotine”.

A peculiaridade deste romance começa na condição indissociável da escrita de Charles Dickens: é obviamente com o olhar estrangeiro e não raro antagônico de um inglês que ele dá vazão à sua trama. No entanto, isso não o impede de ir ao fundo de questões fundamentais e de compor um quadro do que foi aquele período da história da França para os homens da época.

O autor evita o posicionamento político, centrando a narrativa nas observações de cunho social e no impacto individual que aquele processo impingiu a pessoas de todas as camadas. O aristocrata, o burguês, o camponês, o malandro, o vagabundo. Estão todos ali.
[25/05/2010 00:00:00]