O que você faria se fosse uma mulher feliz, mãe e grávida do segundo filho, casada com um dos mais influentes jornalistas de Washington e descobrisse que o marido está tendo um caso e, pior, que ele pretende se casar com a amante? A roteirista e jornalista nova-iorquina Nora Ephron escreveu um livro para exorcizar, de forma pra lá de humorada, o golpe baixo do ex. O amor é fogo (Rocco, 192 pp., R$ 26 - Trad.: Fal Azevedo) é um relato, romanceado, desta traição. Na trama, o alter ego de Nora Ephron é Rachel Samstat, profissional bem-sucedida que descobre, no sétimo mês de gravidez, que o marido está tendo um caso com Thelma Rice, uma pessoa inacreditavelmente alta, com um pescoço tão longo quanto um braço, um nariz tão longo quanto um polegar e pés que mais parecem pranchas de tão grandes. Para completar, ela ainda ouve o marido confessar o amor que sente por esta outra mulher e sua intenção de pedir o divórcio tão logo o bebê nasça. A narrativa é inspirada no relacionamento de Nora com o jornalista Carl Bernstein. O resultado é um exercício fino de ironia, uma das marcas da escritora e uma das mais celebrada roteiristas das comédias românticas de Hollywood.