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"O Amante de Lady Chatterley" vai ao teatro em versão recatada
Sem nudez, história da relação ardente entre burguesa e guarda estréia hoje
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
No romance "O Amante de
Lady Chatterley", de D.H. Lawrence (1885-1930), é voragem,
ardor irresistível aquilo que arrasta a burguesa Constance na
direção do guarda-caça Mellors
(ou Parkin, em certas versões),
num cenário campestre inglês
do pós-Primeira Guerra.
Em 2006, a bem-sucedida
adaptação para o cinema da diretora francesa Pascale Ferran não
economizou em nudez e cenas
de sexo para dar conta da relação. Agora, na primeira transposição da história para o teatro no
Brasil (informa o ator e autor
Germano Pereira), busca-se "a
poética, evitando obviedades e
vulgaridades".
Por isso, explica o diretor Rubens Ewald Filho, o nu não entra
em cena:
"Acho que a nudez em teatro
distrai, com freqüência. É até ir
um pouco contra os Satyros [em
cujo espaço será apresentada a
peça, e que faz espetáculos em
que costuma haver nudez].
Quando vou a uma montagem
em que há gente pelada, fico vendo se elas têm marcas, como são
os pés, a bunda. E não quero isso
aqui, mas sim que se ouça o que
está sendo dito".
Linha poética
Ewald Filho não teme que a
encenação resulte puritana e,
portanto, pouco fiel ao original.
"A linha poética está dada pelo
texto de Lawrence [usa-se aqui
a terceira versão do romance,
censurado no início dos anos
20], no momento em que ele dá
os nomes de Lady Jane e John
Thomas aos órgãos sexuais."
"O desafio foi atingir esse
ponto de poesia sem ser frio,
formalista", completa Pereira.
Além dos amantes e de Clifford, o marido que perdeu o
movimento das pernas na guerra, vai à cena o próprio Lawrence, que apresenta seus personagens e defende sua obra diante
de um júri cheio de pudores.
Segundo Ewald Filho, os argumentos que se ouvem ali são
transcrições do que o próprio
romancista disse nos tribunais.
"Chatterley" só seria liberado
em 1959.
O AMANTE DE LADY
CHATTERLEY
Quando: estréia hoje; qua. e qui., às
21h; até 11/12
Onde: Espaço dos Satyros 2 (pça. Roosevelt, 134, tel. 3258-6345)
Quanto: R$ 20
Classificação: não indicado a menores
de 14 anos
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