São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

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"O Amante de Lady Chatterley" vai ao teatro em versão recatada

Sem nudez, história da relação ardente entre burguesa e guarda estréia hoje

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

No romance "O Amante de Lady Chatterley", de D.H. Lawrence (1885-1930), é voragem, ardor irresistível aquilo que arrasta a burguesa Constance na direção do guarda-caça Mellors (ou Parkin, em certas versões), num cenário campestre inglês do pós-Primeira Guerra.
Em 2006, a bem-sucedida adaptação para o cinema da diretora francesa Pascale Ferran não economizou em nudez e cenas de sexo para dar conta da relação. Agora, na primeira transposição da história para o teatro no Brasil (informa o ator e autor Germano Pereira), busca-se "a poética, evitando obviedades e vulgaridades".
Por isso, explica o diretor Rubens Ewald Filho, o nu não entra em cena: "Acho que a nudez em teatro distrai, com freqüência. É até ir um pouco contra os Satyros [em cujo espaço será apresentada a peça, e que faz espetáculos em que costuma haver nudez].
Quando vou a uma montagem em que há gente pelada, fico vendo se elas têm marcas, como são os pés, a bunda. E não quero isso aqui, mas sim que se ouça o que está sendo dito".

Linha poética
Ewald Filho não teme que a encenação resulte puritana e, portanto, pouco fiel ao original.
"A linha poética está dada pelo texto de Lawrence [usa-se aqui a terceira versão do romance, censurado no início dos anos 20], no momento em que ele dá os nomes de Lady Jane e John Thomas aos órgãos sexuais."
"O desafio foi atingir esse ponto de poesia sem ser frio, formalista", completa Pereira. Além dos amantes e de Clifford, o marido que perdeu o movimento das pernas na guerra, vai à cena o próprio Lawrence, que apresenta seus personagens e defende sua obra diante de um júri cheio de pudores.
Segundo Ewald Filho, os argumentos que se ouvem ali são transcrições do que o próprio romancista disse nos tribunais.
"Chatterley" só seria liberado em 1959.


O AMANTE DE LADY CHATTERLEY
Quando: estréia hoje; qua. e qui., às 21h; até 11/12
Onde: Espaço dos Satyros 2 (pça. Roosevelt, 134, tel. 3258-6345)
Quanto: R$ 20
Classificação: não indicado a menores de 14 anos



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