São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HQ mostra Zé do Caixão na cadeia

Álbum mostra personagem nos 40 anos que separam filme de 1967 e o novo "Encarnação do Demônio"

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

José Mojica Marins criou o Zé do Caixão para uma trilogia de filmes que começou com "À Meia-Noite Levarei sua Alma", de 1964, seguiu com "Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver", de 1967, e continuou mais de quatro décadas depois, com o recém-lançado "Encarnação do Demônio". Mas por onde o personagem andou nesse longo período? A resposta está na HQ "Prontuário 666 - Os Anos de Cárcere de Zé do Caixão", publicada neste mês como um "interlúdio" entre o segundo filme e o último. Como o subtítulo da HQ denuncia, Josefel Zanatas (nome do Zé do Caixão) esteve preso. E o clima da penitenciária em São Paulo que recebeu o personagem foi um dos desafios do quadrinista Samuel Casal, que deu vida à história. "Havia muitos elementos que eu tinha de utilizar", conta o quadrinista gaúcho. "Por exemplo, Paulo [Sacramento, diretor de "Encarnação do Demônio'] me dizia que queria uma penitenciária brasileira, não norte-americana." Assim, foram pesquisados situações e termos usados em cadeias nacionais, como "lagarto" -preso que assume a culpa por crimes cometidos por outros prisioneiros.
Visual antitropical
Além do clima da prisão, Casal deveria incluir na história elementos como o conceito visual do personagem (capa preta, cartola, unhas compridas) e suas fixações, como a busca pela "mulher perfeita", capaz de gerar seu filho e, assim, proporcionar sua "imortalidade". "Ele é visualmente riquíssimo", afirma Casal. "Em um país tropical, de samba e alegria, aparece aquele personagem sombrio, soturno, único, que parece deslocado." O quadrinista buscava uma HQ que trouxesse, além da força do personagem, sua marca de autor. "Eu queria que tivesse não só a minha arte, mas a minha identidade", conta. Casal escreveu o roteiro a partir de argumentos de Adriana Brunstein, que conversou com Mojica sobre a abordagem para a história. "A proposta é sintonizar o que se passa entre um filme e outro", conta Mojica. A saga do Zé do Caixão não acaba com o lançamento do filme e de "Prontuário 666". Afinal, conta Mojica, a HQ aborda 30 anos do personagem na cadeia, mas faltam os dez que ele passou no manicômio. "A idéia é contar essa história, pode ser uma HQ, no ano que vem. Talvez uma série para a TV. Tudo nasce assim: a partir de idéias."

PRONTUÁRIO 666 - OS ANOS DE CÁRCERE DE ZÉ DO CAIXÃO
Autores: Samuel Casal (roteiro e arte) e Adriana Brunstein (argumento)
Editora: Conrad
Quanto: R$ 24 (120 págs.)


Texto Anterior: Resumo das novelas
Próximo Texto: Beck busca a concisão em álbum
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.