"Um olho cujas pálpebras se vão erguendo lentamente ao longo dos séculos, para finalmente se abrirem de todo sobre o mundo." Com essa poética metáfora, o escritor francês Laurent Mannoni narra como se deu o aparecimento do cinema. Mas a amplitude dessa abertura na história da humanidade ganha traços que transcendem as rimas e os versos para ser descrita de forma minuciosa em A Grande Arte da Luz e da Sombra – Arqueologia do Cinema (Senac São Paulo / Editora Unesp, 514, R$ 75). O livro, originalmente lançado na França, em 1995, acaba de chegar ao mercado editorial brasileiro, traduzido por outro especialista na sétima arte, o jornalista Assef Kfouri. O detalhamento sobre a origem das imagens em movimento pontua o roteiro da obra. O panorama completo, da câmara escura e do peep-show à chegada do cinema em 1896 está recheado por fontes primárias (texto e, documentos), especialmente os 200 anos de especificações de patentes, que o autor, antes de qualquer outro estudioso no terreno pré-cinema, foi o primeiro a explorar de forma crítica.