A coragem da Editora Escrituras
PublishNews, 17/07/2003
Ouve-se com certa freqüencia no mercado editorial brasileiro que "poesia não vende". É verdade que as estatísiticas não nos deixam mentir e o número de títulos de poesia vendidos no País realmente são baixos. No entanto, vale questionar até que ponto não estamos diante de um dilema "Tostines". Ou seja, se as livrarias não compram livros de poesia e as editoras não os publicam porque "não vendem", então, conseqüentemente, eles não podem ser vendidos, pois não chegam às prateleiras. O que seria a causa e o que seria o efeito? Talvez uma forma de avaliar melhor a questão seja observar o comportamento de vendas de alguns recentes lançamentos da Escrituras. A editora paulistana acaba de lançar quatro livros de poesia em produção caprichada: A definição da noite (160 pp., R$ 23), antologia da poeta lisboeta Ana Marques Gastão; A ignorância da morte (192, R$ 25), primeiro livro publicado no Brasil do poeta português António Osório; Salmos proscritos (176 pp., R$ 22), do poeta Mauro Valle, radicado em Taubaté; e A força de não ter força (112 pp., R$ 20), da poeta gaúcha Maria Carpi. Vale destacar o belo projeto gráfico de A definição da noite e a capa inusitada e criativa, que envolve o livro com as orelhas, de A força de não ter força. A quarta capa desta obra, aliás, traz uma recomendação do poeta Manoel de Barros, que afirma que "o livro é belo". Mais belo ainda seria se estas obras conseguirem um espaço nas prateleiras brasileiras, podendo, assim, chegar ao seu público que teima em existir.
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