A última Lista Nielsen PublishNews de 2023, referente ao período de 4 a 31 de dezembro, trouxe poucas novidades e algumas constatações. A primeira delas é o domínio da obra Café com Deus pai, de Junior Rostirola. Se na Lista Anual dos Livros Mais Vendidos do PN a edição da Editora Vida garantiu o primeiro lugar do pódio com mais de 90 mil exemplares vendidos, na Lista Nielsen – que apura os autores brasileiros mais vendidos em livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento no país –, em Não Ficção, a edição da editora Vélos ficou com o a primeira posição em dezembro, com a edição da editora Vida logo em seguida. Em Ficção, o destaque vai para a estreia da 5ª temporada de Minha vida fora de série (Gutenberg), de Paula Pimenta, na segunda posição. No topo da categoria, a outra constatação do ano que passou: o domínio de Carla Madeira. Tudo é rio (Record) manteve o primeiro lugar da categoria durante todo o ano de 2023. O terceiro lugar ficou com As aventuras de Mike – A origem de Robson (Outro Planeta), de Gabriel Dearo e Manu Diligio. No Ranking das Editoras, quem terminou o ano na primeira posição foi a Planeta, com 11 obras na lista. O segundo lugar ficou com o Grupo Companhia das Letras, com cinco; e Grupo Editorial Record e HarperCollins dividiram o bronze com quatro obras cada. Clique no Leia mais para acessar a íntegra desta nota.

Nos EUA, as escritoras levaram a melhor na Lista de Mais Vendidos do Publishers Weekly, uma das principais medições do país, operada pela Circana BookScan: Colleen Hoover, que tinha sido a líder disparada em 2022, teve um 2023 igualmente volumoso, com It ends with us (publicado lá pelo selo Atria, da Simon & Schuster) em primeiro lugar, vendendo mais de 1,2 milhão de cópias. It starts with us também vendeu uma cifra semelhante, e o romance Verity alcançou 935 mil cópias. No total, ela teve quatro livros no top 25. Segundo o PW, as duas maiores surpresas do ano foram os livros de Rebecca Yarros, Fourth wing e Iron flame (Red Tower), que venderam cerca de 2,2 milhões de exemplares. Outra autora que teve um excelente 2023 nas listas foi Bonnie Garmus, cujo Lessons in chemistry (Doubleday), lançado em 2022, vendeu mais de 1 milhão de cópias, graças também a uma adaptação na Apple TV+. Ao todo, 17 dos livros no top 25 foram escritos por mulheres. O site destaca ainda os livros de memórias que foram bem em 2023, com Spare (Random House), do príncipe Harry, atingindo a marca de 1,2 milhão de cópias (terceiro lugar geral), e The woman in me (Gallery), de Britney Spears, em 10º, com 908 mil exemplares. Clique no Leia mais para ler a notícia na íntegra.

Ainda em clima de retrospectiva, a jornalista Taty Leite leu todas as newsletters do PublishNews de 2023 e fez uma detalhada coluna em vídeo relembrando os principais fatos do mercado editorial e literário, nacional e internacional, entre janeiro e dezembro. O vídeo passa pelos lançamentos do Príncipe Harry e Britney Spears, pelas atribulações de Colleen Hoover ao longo do ano, pela discussão dos usos da inteligência artificial, entre outros assuntos. As novas posses na Academia Brasileira de Letras – entre elas, a de Ailton Krenak, o primeiro autor indígena a ocupar uma cadeira na ABL –, os diversos eventos editoriais ao longo do ano, d'A Feira do Livro no Pacaembu à Feira do Livro de Frankfurt, e as premiações do ano também foram destaques no vídeo. O audiolivro também foi discutido pela colunista como uma das principais notícias do ano, bem como as novidades sobre diversas adaptações de livros para o audiovisual. Clique no Leia mais para ver o vídeo.

Um coletivo de escritoras está pedindo a revogação do resultado do edital do Prêmio Carolina Maria de Jesus, divulgado pelo Ministério da Cultura em dezembro. A ação foi uma das primeiras iniciativas do MinC em 2023 relacionadas ao livro. O coletivo "Nós, Carolinas do Brasil" alega que o sistema de cotas previsto no edital serviu o propósito contrário da sua intenção, ou seja, acabou segregando as escritoras negras da concorrência geral, em vez de garantir um número mínimo de premiadas. O coletivo disse ainda que o Ministério da Cultura procurou o movimento e uma conversa está marcada para esta quinta-feira (11). Na carta aberta de uma página de abaixo-assinado, em que recolhe assinaturas para a revogação do resultado do edital, o coletivo pede uma investigação sobre como o sistema de cotas foi aplicado na premiação. "Suspeitamos que a metodologia escolhida neste edital fere gravemente tal preceito ao restringir a participação de cotistas (negras, quilombolas, indígenas, ciganas e PCD) SOMENTE às vagas do quadro de cotas. Tais escritoras foram ceifadas da chance de participação em ampla concorrência, na categoria denominada "não se aplica”", diz o texto. O edital previa uma reserva de vagas de 20% para mulheres negras, "no mínimo", mas o coletivo alega que houve um problema na seleção. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A SP Leituras – Associação Paulista de Bibliotecas e Leitura está à procura de um analista de comunicação sênior. É preciso ter graduação em Jornalismo; pós-graduação e/ou Mestrado em Comunicação Social ou Marketing; sólida e eclética experiência profissional (comprovada) em reportagens e coberturas jornalísticas, assessoria de imprensa, produção de conteúdo editorial ligado à área cultural, de educação e/ou de incentivo à leitura, pesquisa e criação de conteúdo para sites e mídias sociais. A pessoa contratada irá desenvolver a comunicação institucional da SP Leituras, divulgando os equipamentos, projetos e programas por ela geridos, por meio de ações ligadas à assessoria de imprensa, tais como: elaboração e envio de releases e imagens aos jornalistas; elaboração e gestão de pautas; atendimento aos veículos de comunicação; e coberturas jornalísticas. Fará também a pesquisa e criação de conteúdo para os sites, blogs e redes sociais; produção de conteúdo para publicações impressas; revisão de textos; criação, em conjunto com a equipe, de ações e campanhas específicas de comunicação e divulgação, entre outras atividades. Interessados devem se inscrever clicando aqui.

A Edições BesouroBox - editora que publica livros de diferentes segmentos - está com uma vaga aberta para o cargo de gerente de vendas. É necessário ter experiência na área comercial no setor editorial e ter atitude de liderança para movimentar a equipe. A editora espera também que a pessoa contratada traga novas ideias e desafios para expandir a empresa. A BesouroBox está localizada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e interessados devem encaminhar currículos para contato@besourobox.com.br.

O Museu da Língua Portuguesa (Praça da Luz, s/n – São Paulo / SP) recebe de 9 de janeiro a 29 de fevereiro inscrições para a terceira edição do Plataforma Conexões. O projeto, que visa apoiar e dar visibilidade a projetos de artistas e grupos iniciantes, selecionará dez trabalhos em 2024, em áreas como música, literatura, dança e performance. O tema do ano é Línguas Africanas no Brasil, o mesmo da próxima exposição temporária do Museu, a ser inaugurada em maio. Os escolhidos terão a oportunidade de se apresentar nos espaços da instituição, gratuitamente, tanto para o público do Museu quanto aos usuários da Estação da Luz. Os trabalhos contemplados terão suas apresentações programadas entre março e dezembro de 2024. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Em janeiro, o Sesc Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1000 São Paulo / SP) recebe o escritor carioca Geovani Martins. O encontro será no dia 18, na área de convivência, quinta-feira, às 19h. O projeto Leia Comigo busca aproximar o público dos autores relevantes da literatura brasileira contemporânea e promove a leitura e a reflexão de obras literárias. Neste encontro, o autor carioca Geovani Martins, autor de O sol na cabeça e Via ápia (Companhia das Letras) é convidado a compartilhar com o público a sua trajetória, seu processo de criação e a recepção de seus livros junto ao público e a crítica. O escritor, que viveu na Rocinha (RJ), traz para a escrita literária a vivência do jovem que enfrentou várias dificuldades dentro de uma comunidade periférica e do seu convívio nada pacífico com a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Tudo isso se transforma em combustível para as suas histórias que são transformadas em narrativas que refletem o cotidiano de um Brasil periférico. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

O escritório português da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) disponibilizou o recurso educativo "A Maior Flor do Mundo", baseado no conto homônimo do Prêmio Nobel da Literatura, José Saramago. Este recurso pedagógico de Educação para a Cidadania Global é constituído por quatro vídeos animados, de um minuto cada, disponíveis em português e em espanhol, que tomam o conto original – no qual um menino transforma uma flor murcha na maior flor do mundo – como ponto de partida para uma aproximação à Declaração Universal dos Direitos Humanos e à Carta Universal dos Deveres e Obrigações dos Seres Humanos enquanto pilares para um processo de questionamento, conhecimento e ação para promover entre os alunos mais novos. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Em sua primeira edição, o projeto LITERA-MINAS pretende levar a literatura mineira e seus municípios para as feiras do livro de Lisboa, em Portugal, e Frankfurt, na Alemanha. Carola Castro, Jiulia Castro e Beatriz Ayumi são as idealizadoras, com a ideia de internacionalizar a "mineiridade" literária. O projeto inédito conta com extensa pesquisa pra confecção de dois catálogos que servirão como guias turístico-literários e serão distribuídos gratuitamente em dois eventos na Europa – também poderão ser acessados de forma digital no mundo todo, em duas línguas diferentes. Realizado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com patrocínio da Cemig, produção da é.cultural e realização da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo/Governo de Minas Gerais, o projeto leva ao público contato tanto com os escritores que projetaram Minas Gerais no panorama cultural das letras – dos mais consagrados como Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade, aos mais contemporâneos – quanto com as histórias de suas cidades e os circuitos literários das regiões retratadas. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Em seu diário, o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, John Steinbeck, chamou A leste do Éden (Record, 686 pp, R$ 99,90 – Trad.: Roberto Muggiati) de seu “primeiro livro”. De fato, ele tem a energia e a simplicidade de um mito. Ambientado nos campos férteis do vale do Salinas, na Califórnia, este livro acompanha o destino entrelaçado de duas famílias — os Trask e os Hamilton —, cujas respectivas gerações revivem impotentes a queda de Adão e Eva e a rivalidade deletéria de Caim e Abel. Vindo do leste, Adam Trask chega à Califórnia para trabalhar em plantações e cuidar da família nessa nova terra repleta de promessas. Entretanto, o nascimento dos gêmeos, Caleb e Aaron, leva sua esposa à beira da loucura, restando a Adam criar os dois filhos. Enquanto Aaron cresce emanando amor por todas as coisas ao seu redor, Caleb segue solitário, envolto por uma névoa misteriosa, acreditando que o pai se importa apenas com seu irmão. E a eterna tensão entre os gêmeos se agrava ainda mais quando se apaixonam pela mesma mulher. É uma tragédia anunciada. Publicado originalmente em 1952, em A leste do Éden Steinbeck desenvolveu seus personagens mais fascinantes e explorou os temas mais recorrentes de sua obra: o mistério da identidade, a inefabilidade do amor e as consequências devastadoras da ausência de afeto.

Com sua prosa sofisticada, As mulheres da Brewster Place (Carambaia, 248 pp, R$ 109,90 – Trad.: Camila Von Holdefer) foi o livro de estreia de Gloria Naylor (1950-2016), em 1982, e se tornou sua obra mais conhecida, rendendo-lhe, no ano seguinte, o National Book Award de Primeira Ficção. Brewster Place nasceu de uma transação corrupta entre um vereador e um dono de imobiliária. Abrigou gerações de moradores – trabalhadores, imigrantes –, que assim que podiam deixavam o local. O romance começa quando o conjunto habitacional começa a receber moradores que, por mais que tentem, não conseguem sair de lá. São majoritariamente negros, vindos de outras regiões dos EUA, por total falta de opção. Acabam formando uma comunidade, separada do restante da cidade depois que uma das extremidades da rua foi murada. As histórias que compõem o romance expõem a diversidade das experiências de vida das mulheres negras daquela comunidade. Subvertendo estereótipos e o costume de igualar vozes e experiências das mulheres negras, Naylor, escritora nascida em Nova York, cria um retrato autêntico e vibrante dessas “filhas da Brewster Place” que “eram duras na queda e tinham coração mole, faziam exigências brutais e eram fáceis de agradar”.

A narrativa de Savannah Bay (Temporal, 176 pp, R$ 64 - Trad.: Angela Lopes Leite) se tece na relação amorosa entre as duas únicas personagens que aparecem no palco – Madalena, uma mulher que já atingiu “o esplendor da idade”, e uma Jovem, não nomeada; talvez sua neta. Como através de um espelho, essa relação se desdobra em uma outra trama amorosa, constituída a partir da já esparsa memória de Madalena, que se confunde com a imaginação. O elo entre as duas, que constantemente se apresenta como um reflexo no espelho, desencadeia outra história de amor, formada a partir das memórias fragmentadas de Madalena. Nesse jogo de espelhos, no qual pouco ou nada se revela com nitidez, Madalena também evoca, ou talvez até imagine, um passado quando atuava como atriz de teatro, repetidamente interpretando essa mesma história que agora ela e a Jovem tentam recriar no presente. Tanto na relação entre essas duas mulheres quanto nas outras conexões que se desdobram a partir desse núcleo, o amor está sob os holofotes.

Teatro reunido (Editora 34, 752 pp, R$ 136) apresenta um conjunto de catorze peças — oito delas inéditas — assinadas exclusivamente por Augusto Boal (1931-2009), um dos maiores teatrólogos do século XX. Conhecido mundialmente por Teatro do Oprimido, foi ao escrever e encenar as próprias peças que Boal elaborou seus métodos inovadores. Entre a revolução estética promovida nos palcos brasileiros pelo Teatro de Arena, a prisão, o exílio e a consagração mundo afora, o autor sempre manteve sua apaixonada atividade em cena. Teatro reunido é a prova mais viva disso pois cobre meio século de uma carreira fora do comum. Aqui estão as primeiras peças de um jovem dramaturgo, escritas no começo da década de 1950 para uma temporada em Nova York com John Gassner, mestre de Tennessee Williams e Arthur Miller, ou ainda para o Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento — esta uma faceta ainda pouco conhecida de Boal. O tempo do Arena é representado aqui por Revolução na América do Sul (1960), a primeira obra em nosso teatro a incorporar formalmente as lições de Bertolt Brecht, além de um conjunto de peças que buscaram reagir à repressão política após o golpe de 1964. Teatro reunido se fecha com O amigo oculto e A herança maldita, dupla em chave cômico-crítica à família burguesa, na qual um dramaturgo mais que tarimbado expressa suas inquietações diante das mudanças históri cas em curso no início do século XXI. Todo esse arco abrangente é analisado por Iná Camargo Costa em uma introdução escrita especialmente para este volume. Em uma seção complementar, documentos de época assinados pelo próprio autor convivem com textos críticos e depoimentos de Sábato Magaldi, Fernando Peixoto e Gianfrancesco Guarnieri.