Autor de A insustentável leveza do ser e A brincadeira, Kundera era publicado no Brasil pela Companhia das Letras. Seus livros transitavam entre um realismo histórico e altas doses de filosofia e ensaísmo.
"Milan Kundera foi um escritor que alcançou gerações inteiras de leitores em todos os continentes", disse o primeiro-ministro da República Tcheca, Petr Fiala. "Ele deixa não apenas um trabalho de ficção notável, mas também uma obra de ensaios significativa".
Kundera nasceu na cidade de Brno, mas emigrou para a França em 1975 depois de experimentar um ostracismo por criticar a invasão da Tchecolosváquia pela União Soviética, em reação ao movimento popular da Primavera de Praga, em 1968. Foi nessa época que ele também rompeu com o partido comunista, após anos de desilusão, perdendo a sua cidadania no seu país natal.
Pouco afeito a entrevistas, ele dizia aos jornais parisienses que não gostava de ter seu trabalho rotulado como "político", mesmo quando seus livros abordavam assuntos dessa natureza.
Relançado por aqui em nova edição em 2017, A insustentável leveza do ser mistura ficção e filosofia se entrelaçam por meio da história de quatro adultos capazes de quase tudo para vivenciar o erotismo que desejam para si. Como limite, encontram um tempo histórico politicamente opressivo e o caráter enigmático da existência humana. Infidelidade, amor, compaixão, eterno retorno, acaso e arbítrio são alguns dos grandes temas que Milan Kundera articula num romance de ideias e paixões, em que o leitor percorre conceitos filosóficos de braços dados com cada um dos personagens — Tereza, Tomas, Sabina e Franz — e acompanha suas histórias de vida com a profundidade de um estudo. O resultado é uma obra em tudo original, um clássico da literatura contemporânea.
Originalmente de 1984, o livro tem como contexto a Primavera de Praga e as suas consequências. O livro virou um filme dirigido por Philip Kaufman, com Daniel Day-Lewis, e foi indicado a dois Oscars em 1988.
Kundera foi nomeado cidadão da República Tcheca apenas em 2019.
Entre outros livros e em mais de uma de suas coleções, a Companhia das Letras publicou Os testamentos traídos, A arte do romance e A festa da insignificância, sempre com traduções de Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca.
A notícia repercutiu entre profissionais do mercado editorial brasileiro, leitores e admiradores:
Hoje o mundo da literatura está em luto. Milan Kundera está morto. A. https://t.co/wyqlAausAM
— Afonso Borges (@afonsoborges) July 12, 2023
Milan Kundera viveu, escreveu e publicou bastante, nos deixando grandes obras. Mas mesmo com toda a riqueza que fica e ainda que saibamos da inevitabilidade da morte, é impossível não sentir uma perda como essa. Um autor e um pensador extraordinário. https://t.co/F9Y7z2YPdO
— Fabiane Secches (@fabianesecches) July 12, 2023
DEP Milan Kundera.
A Insustentável Leveza do Ser foi parte importante da minha educação sentimental. Reli não faz muito tempo, depois de muitos anos, e continua de pé.
— Bia Abramo (@biawabramo) July 12, 2023
Milan Kundera foi embora desse planeta!
Era o maior, entre os vivos.
Escreveu o melhor primeiro capítulo de toda literatura universal. Viveu o século XX lutando contra sistemas repressivos. Escrevia como quem dança! Era subversivo, lírico, exilado telúrico e inventivo. pic.twitter.com/chK9uMKOQx
— Alyson Monteiro (@AlysonMonteir) July 12, 2023
A FJS abraça os leitores, familiares e amigos de Milan Kundera, um dos grandes romancistas do século XX https://t.co/IU9fWXBtIZ
— Fundação José Saramago (@FJSaramago) July 12, 2023